Salmo 1 - Ultrapassando o limite da felicidade
Este salmo começa de uma forma
muito interessante para nós. Começa dizendo que é possível ser mais do que
feliz. Quando o salmista usa o termo “Bem-aventurado” ele está querendo dizer
que há a possibilidade de alguém ultrapassar os limites da felicidade.
A felicidade é uma busca cotidiana
de todo ser humano. E para conseguir essa felicidade, existem aqueles que
gastam pequenas fortunas em parques de diversões, clubes de recreação, bares
sofisticados e assim por diante. Mas essa busca acaba só comprovando que a
felicidade obtida por meio dessas coisas é transitória. Só dura enquanto durar
aquilo que a provê.
Mas o salmista aqui nos afirma
que é possível transpor esse limite e obter mais do que essa felicidade efêmera
e frágil. É possível ser mais que feliz. Esse é o tema desse salmo: Como obter
mais do que a felicidade corriqueira.
A primeira coisa que o salmista
nos mostra é que por meio do conselho dos ímpios” é impossível obter a
felicidade (v.1). Os ímpios sempre tem algum conselho a dar e principalmente
sobre a felicidade.
A palavra ímpio quer dizer
aquele que não conhece a Deus. E isto se constitui em um grande paradoxo, pois
como aquele que não conhece o Deus da alegria (Neemias 8.10) pode dar conselho
sobre a verdadeira alegria? Os conselhos dos ímpios, portanto, são conselhos
vãos. Conselhos que nos levam para longe da verdadeira felicidade. Andar nesses
conselhos seria trilhar um caminho de morte e afastamento do Senhor nosso Deus.
Portanto, todos aqueles que querem mais do que felicidade tem que esquivar-se
de tais conselhos. O problema é que esses conselhos ímpios estão em toda parte.
Quando ligamos a TV, por exemplo, há uma enxurrada de conselhos. Existem
programações específicas que nos dão o “conselho certo” quanto ao vestuário,
quanto à postura, quanto ao dia a dia. Mas se pararmos para analisar direito
todos esses conselhos, veremos que são conselhos que deixar Deus fora da
equação. São conselhos divorciados do verdadeiro Deus que é capaz de conceder a
verdadeira felicidade. Um exemplo muito claro disso são os comerciais de bebida.
Neles pouco se fala da bebida em si, pois ele é prejudicial e mortífera. O que
os produtores mostram são pessoas jovens e bonitos, e que estão muito felizes.
A bebida é só um detalhe. Porém, o que esses comerciais nos “aconselham” é que
se quisermos ser felizes como aqueles atores do comercial devemos consumir o
seu produto. Este é um conselho ímpio, isto é, separado de Deus, e que pode
levar a morte. Se quisermos mais que a felicidade que este tipo de conselho
proporciona, devemos evitá-lo.
Em segundo lugar o salmista
nos mostra que se quisermos mais do que felicidade devemos evitar nos deter no
caminho dos pecadores e não nos assentar na roda dos escarnecedores. Mas antes
de poder evitá-los, devemos saber de que se trata.
Quando falamos em caminho,
geralmente estamos querendo nos referir ao curso que tomamos na vida. Vivemos
de acordo com as escolhas que fazermos para nossa vida. O caminho dos pecadores
é o caminho que voluntariamente tomamos em direção ao pecado. Todos somos
pecadores e com certeza pecamos todos os dias por palavras, pensamentos e
atitudes. Pecar por causa da raiz do pecado que há em nós é bem diferente de
procurar viver na prática do pecado. Há muitos que se comprazem em viver no
caminho do pecado. E existe também um percentual grande de crentes que
acreditam que não andam pelo caminho do pecado, mas se detém no nele. Deter-se
no caminho dos pecadores é não seguir o mesmo caminho que os pecadores que
detestam Deus tomam. Esse caminho, o caminho dos pecadores é um caminho de
morte. Em primeiro lugar de morte espiritual. Quem toca o caminho do pecado
afasta-se cada vez mais do Senhor (Isaías 59.2). O pecado é a única
coisa que faz separação entre nós e Deus. Em segundo lugar este caminho do
pecado é um caminho de morte física, haja vista as doenças sexualmente
transmissíveis decorrentes dos pecados sexuais; o câncer que consome aqueles
que fumam; os efeitos nocivos das drogas, etc. Aquele que quer mais que
felicidade tem que afastar-se desse caminho.
Mas o salmista também fala da
roda dos escarnecedores. Os escarnecedores nunca estão sozinhos, estão sempre
em bando. Quando sozinho é muito difícil alguém deliberadamente tomar uma
postura de zombaria quanto à pessoa de Deus e Suas obras. Sozinho, os zombadores não tem coragem de
afrontar a Deus dessa forma, pois no fundo sabem que receberão o seu juízo. Mas
a companhia de outros zombadores traz uma coragem varonil a essas pessoas. Em
companhia de outros zombadores traz uma irreverência monstruosa. Mas essa zombaria
não se restringe apenas a Deus e as Suas obras. Geralmente quem é zombador,
zomba de qualquer um. Qualquer pessoa é um alvo em potencial. Assim, essa
zombaria que vem devido a associação dos zombadores é muito perigosa. Primeiro
por que zombam do Rei dos reis e Senhor dos senhores do qual está escrito que “de
Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). No Salmo 2 está dito que Deus ri
daqueles que zombam dEle. Mas não apenas isso, seu juízo é certo. Por isso a
zombaria é perigosa, pois traz o desprezo e o juízo de Deus. Em segundo lugar,
os zombadores que não tem escrúpulos quanto a zombar da vida alheia estão
passivas da morte física. Nem todo mundo suporta a zombaria do mesmo jeito. Há
aqueles que reclamam a sua honra com sangue.
Aqueles que querem mais do que
felicidade devem se manter longe dessa zombaria pois ela é perigosa e leva ao
infortúnio e ao inferno.
Em seguida o salmista começa a
nos mostrar o caminho para ultrapassar os limites da felicidade.
No verso 2 ele fala do prazer
na Palavra de Deus. O mundo hoje busca o prazer em muitas coisas:
relacionamentos, bens de consumo, dinheiro, etc. Mas tudo isso é efêmero e
frágil. Os relacionamentos trazem muitas alegrias, mas quando se acaba, traz
consigo um sentimento tão negativo que muitos têm até se suicidado. Da mesma
forma o acúmulo dos bens e o acréscimo do dinheiro. O consumismo é muito cruel
quando nos dedicamos a ele. Quanto mais temos, mais queremos. E aquilo que deveria trazer felicidade, traz
confusão e dor. Mas aquele que quer mais do que essa felicidade transitória
deve ultrapassar os limites do consumismo, dos relacionamentos complicados, dos
passos do pecado, e deve ter prazer naquilo que pode trazer prazer: A Palavra
de Deus. Ela sim tem o poder de propiciar a verdadeira felicidade. E esse
prazer na Palavra de Deus se reverte não apenas em palavras do tipo: “A Bíblia
é a minha regra de fé e prática”, mas as atitudes negam isso. O prazer na
Palavra de Deus se reverte em ação, pois aquele que é ultrapassou os limites da
felicidade Medita nesta Palavra de
dia e de noite. O salmista está dizendo que a verdadeira felicidade não se
encontra em apenas ler ocasionalmente a Bíblia, mas meditar nela
constantemente. O termo meditar traz implícita a ideia de prática. Quando
meditamos na Bíblia é impossível mantê-la apenas no âmbito intelectual. A
meditação traz para nós a prática. Portanto, para sermos mais que felizes temos
que não apenas ler a Bíblia ocasionalmente, mas devemos meditá-la e praticá-la.
Mas como podemos meditar dia e
noite na Palavra de Deus? É impossível cumprir o que o salmista está dizendo?
Ora, entendemos que meditar de dia e de noite nos traz uma ideia de constância.
Isto é, o salmista está dizendo que aqueles que querem ser mais que felizes
precisam sempre recorrer às Escrituras, em quaisquer circunstâncias da nossa
vida, quer de dia (tempos de alegria) que de noite (tempos de dificuldades). Se
quisermos ser mais que felizes precisamos ter a Palavra de Deus como uma
prática diária em nossas vidas em todos os momentos.
Fazendo assim, o salmista nos
diz que seremos como árvores plantadas junto às correntes das águas (v.3). Árvores são seres vivos que não
têm mobilidade. Elas estão fixadas no mesmo lugar sua vida inteira. Quem
ultrapassou os limites da felicidade não é uma pessoa inconstante, que pula das
suas posições e conceitos a toda hora, pois a Palavra de Deus lhe trouxe firmeza
e segurança. Nada lhe abala! O vento pode soprar, as águas podem cair, os
tempos podem mudar, mas a árvore permanece no seu lugar sem se abalar (Mateus
7.24,25). A aplicação da Palavra de Deus à nossa vida tem este poder de
trazer imobilidade.
E ainda mais, essa árvore está
plantada junto às correntes das águas. Essas correntes não são apenas visíveis
na superfície, elas possuem lençóis submersos na terra. Quando a superfície
está seca, no subterrâneo ainda correm as água. A árvore que está plantada
junto a essas correntes estende as suas raízes em sua direção. Essas raízes são
ocultas e recebem a água vital do lençol das águas de forma secreta. Da mesma
forma aqueles que amam e meditam na Bíblia. Eles suas raízes espirituais não
são visíveis para os carnais. Na superfície parecem que não tem mais recursos.
Mas sua provisão está em oculto, pois suas raízes se estendem até à Fonte das
Águas Vivas.
Duas coisas decorrem dessa
proximidade das correntes das águas. A primeira, diz o salmista que é a árvore
produz o seu fruto no tempo certo, mesmo que não haja condições na superfície
para isso (v.3). Isso nos
mostra que mesmo que todas as circunstancias nos sejam contrárias,
continuaremos produzindo. Também nos diz que mesmo que só haja sequidão em
todos os lugares, para nós haverá abundancia. Tudo isso porque as nossas raízes
estão cada vez mais profundas em direção aos lençóis de Águas que estão sob a
superfície.
O salmista ainda diz que a
arvore “produz fruto no tempo certo” (paráfrase do autor). Isso nos mostra
também uma constância da bênção de Deus sobre nós. Ainda que não haja condições
de produzir, as a Fonte das Águas que está oculta nos dá condições de
frutificar sem interrupções. Não há seca, inverno, tempestades ou qualquer
outra intempérie que possa interromper a bênção de Deus sobre a árvore que
desfruta das Águas subterrâneas. Isso porque de forma ininterrupta colocamos
nosso prazer na Lei do Senhor dia e noite.
Outra consequência dessa
proximidade com as correntes das Águas é que as folhagens não murcham (v.3).
Isso quer dizer que nunca perderemos nossa forma. Teremos constância também em
nossa aparência. Mas não digo isso apenas na aparência material, pois essa
também é transitória. Mas falamos aqui da “aparência” espiritual. Sempre
teremos o que apresentar, porque nossa folhagem está sempre verdejante. Isto é,
a bênção de Deus sempre estará sobre nós para que o mundo veja isso.
Depois de mostrar o caminho da
verdadeira felicidade, o salmista coloca em contraponto o viver dos ímpios,
daqueles que vivem a felicidade deste mundo.
Sua felicidade não é como a
nossa, pois o salmista diz “os ímpios não são assim” (v.4). Isto é, eles vivem
totalmente o oposto dos fiéis. Tanto de forma moral, quanto espiritual. Sua
felicidade facilmente se dissipa, pois são “com0 a palha que o vento espalha”.
Como já dissemos, a felicidade dos ímpios está baseada em coisas tangíveis
(pessoas, bens, dinheiro), e tudo isso é temporão. Uma vez abalada essa base,
foi-se a felicidade assim como a palha é espalhada quando o vento sopra. A
palha não tem raiz como a árvore e por isso é levada pelo vento para onde quer.
Também em contraste com a árvore a palha não tem peso nenhum e por isso é
levada pelo vento. A palha, diferente da árvore não tem valor algum e por isso
ninguém se importa quando ela é levada pelo vento.
Pelo fato de ser levada pelos
ventos das intempéries da vida, o ímpio não permanece na congregação dos justos
(v.5).
Cabe aqui uma reflexão. Já que o ímpio vive totalmente oposto ao viver dos
justos que amam a Palavra de Deus, como pode ele estar na congregação dos
justos? Aqui o salmista diz que “ele não permanecerá na congregação dos
justos” (Paráfrase do autor). Então, só podemos concluir que em algum
momento esse ímpio que foi levado pelos ventos como a palha este em meio aos
justos. Isso nos remete à Parábola da palha e do trigo contada por Jesus
em , em que é nos dito que em meio ao
trigo (justos) sempre haverá o joio (ímpios) até a volta do Senhor.
Entretanto, o salmista aqui
nos diz que o ímpio não permanecerá na congregação dos justos por que o vento
das intempéries da vida acabarão o afastando dessa congregação.
Por fim, é nos dito que o
Senhor Conhece o caminho dos justos,
mas desconhece o caminho dos ímpios. Só podemos concluir disse que Deus está
interessado naqueles que se interessa por Ele e os observa. E quando Deus está
no caminho de alguém, não há empecilhos (Provérbios 3.6), e por isso esse
alguém ultrapassa os limites da felicidade.
Caro leitor, quer ultrapassar
os limites da felicidade que as pessoas comuns têm? Felicidade essa que é
baseada em coisas tangíveis e efêmeras? Então ame ao Senhor e a Sua Palavra, e
nela medite de dia e de noite, colocando em prática seus Santos preceitos.
Então todo e qualquer limite que for imposto para sua felicidade será retirado e
você poderá desfrutar daquilo que até os mais abastados não desfrutam: A
verdadeira Felicidade!
Pastor Ricardo Castro
(83) 8783-6266
predestinado777@hotmail.com
www.pastorricardocastro.webnode.com
www.pastorricardocastro.blogspot.com.br
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