O MINISTÉRIO PASTORAL | PR. RICARDO CASTRO
O MINISTÉRIO PASTORAL
Esta é uma
palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
1ª
Timóteo 3:1
Essas palavras do Apóstolo Paulo são uma das mais belas
declarações sobre o ministério pastoral. Isto é, Paulo alega que este
ministério é uma excelente obra. E realmente é. Não há algo mais gratificante
do que, por meio de seu ensino e carinho, o pastor ver alguém que antes era um
pária da sociedade transformar-se em um venerável. Isso não tem preço. Bem como
não há como descrevermos a alegria de ver pessoas entregando suas vidas a Jesus
e mudando totalmente o curso de sua história. Sem falar nas famílias,
casamentos, carreiras profissionais, planos e projetos restaurados pelo poder
da oração e do aconselhamento Bíblico. Por isso concordo totalmente com as
palavras do apóstolo: é uma excelente obra.
Contudo, mesmo sendo assim, a vida pastoral não é fácil.
Isso claramente pode ser comprovado pelos recentes acontecimentos funestos, em
que muitos homens de Deus tiraram a sua vida.
Mesmo que muitos pastores não cheguem a este extremo, amargam
sentimento de frustração que os leva a desenvolver as chamadas doenças
psicossomáticas (doenças que tem origem na mente, mas que se manifestam no
corpo). E ainda há alguns outros que se encontram em um estado mental tão
alterado que precisam procurar o auxílio de psicólogos.
Todo esse peso, porém, não implica em dizer que o ministério
pastoral deixou de ser uma excelente obra. Pelo contrário, a cada dia vemos que
essa verdade se firma mais, haja vista a grande necessidade de homens e
mulheres de Deus que, como profetas hodiernos, ministrem a Palavra de Deus aos
necessitados.
Todavia, as cargas que pesam sobre os ombros dos que estão
incumbidos de liderar o povo de Deus estão cada dia mais pesadas. Isso acontece
pelo fato de que as três classes mais desacreditadas em nossos dias são os Políticos,
os Policiais e os Pastores. E esses últimos estão cada vez mais desacreditados
devido a ação de alguns lobos que têm se intrometido em nosso meio com o
objetivo de espoliar as ovelhas incautas.
Porém, o que as pessoas devem ter em mente é que nem todos
os Políticos, Policiais e principalmente Pastores, são assim. Ainda existem
homens sérios e honestos nessas três classes.
Mas a grande verdade é que as pessoas nos olham com
desconfiança, mesmo antes de nos conhecer. E mesmo aqueles que estão sob os
nossos auspícios pastorais, ao perceber qualquer coisa que não seja do seu
agrado, acabam engrossando a fila dos que nos julgam sem fundamento.
E o fardo ainda se torna mais pesado porque hoje em dia as
pessoas querem que o ministro seja ao mesmo tempo um especialista em finanças,
hábil administrador, incentivador eficaz, mestre em gerenciamento de conflitos,
psicólogo, Juiz de Paz, Teólogo, Apologeta, conciliador, etc. Sem falar que os
cultos têm que ser perfeitos, as músicas têm que ser agradáveis e as
acomodações da igreja devem ser extremamente aconchegantes. E o pastor tem que
pregar pelo menos duas vezes por semana, nas 54 semanas do ano, sermões
edificantes e agradáveis aos ouvidos dos sensíveis.
Já a família do pastor é um caso à parte. Começando por sua
esposa, que geralmente poucas pessoas lembram-se de seu nome, chamando-lhe
apenas de “a esposa do pastor”. As outras mulheres da congregação querem que ela
se vista de forma impecável, com seu cabelo totalmente alinhado e com adereços
que lhe ressaltem as virtudes. O seu linguajar também tem que ser impecável,
não podendo nunca perder a paciência.
Por outro lado, ainda há aqueles que se a esposa do pastor se
veste um pouco melhor ou enfeita-se com alguns adereços, à boca pequena, dizem
que o “dinheiro da igreja” está sendo gasto em coisas supérfluas.
E os filhos do pastor são o alvo dos olhos perscrutadores
dos que querem encontrar algo de que acusar-lhe. Toda criança ou adolescente ao
jogar futebol, por exemplo, geralmente pode dar uma entrada mais dura no
oponente, ou mesmo perder a cabeça e xingar. Isso é muito normal para o filho
de qualquer um, mas não o do pastor. Se algo desse nível acontece, a primeira
coisa que se ouvirá é, “mas como pode um filho de pastor agir assim?”.
Os filhos dos pastores têm que ser perfeitos, tirar boas
notas, nunca discutir com ninguém e ajudar a todos que lhe cercam. Se assim não
for, brotarão de todos os lados comentários negativos sobre como o pastor
conduz sua família e em seguida, implementa-se a dúvida se realmente tem
condições de liderar o povo de Deus.
E pior do que isso é quando a congregação começa a cobrar
que os filhos do pastor devem também pregar e ensinar. Muitas vezes a
congregação quer ver nesses jovens os indícios da chamada e do ministério pastoral.
E se não virem, logo chegarão à conclusão de que toda a família do pastor está
perdida e sua liderança abalada. Esse é o motivo de vermos tantos filhos de
ministros desviados e que tem verdadeira ojeriza de tudo o que se relacione a
igreja.
A família do pastor vive como que em um aquário, sendo
observados por todos. E o que eles querem ver é nada mais nada menos que a
perfeição. E quando acontece qualquer fato negativo na família pastoral, logo a
notícia corre solta, e não se poupa os termos mais cruéis para classificar as
pessoas envolvidas. Ao contrário do que acontece entre os familiares dos membros
da igreja, pois geralmente o que acontece de negativo entre eles, mesmo que
seja de conhecimento do pastor, a ética o limita a orar e aconselhar, tomando a
atitude disciplinar mais discreta possível, para não trazer mais mal sobre o
caso.
E existe ainda algumas pessoas que frequentam a casa
pastoral, comem, dormem e usufruem de tudo o que podem, mas mesmo assim ainda
tecem comentários maldosos e injustificados.
E o pastor, por outro lado, vive sobrecarregado, fazendo de
tudo para atingir as expectativas dos que os cercam, além de serem cobrados
pela cúpula da igreja para que “mostre serviço”.
Tudo isso torna-se um peso quase insuportável, mas mesmo
assim, 99% das pessoas que lhe cercam não se interessam. Quantos perguntam se
está tudo bem com o pastor? E se perguntam, isso não passa de pura educação.
Ninguém está interessado em saber se o pastor e sua família tiveram o que comer
durante o dia. Não querem saber se tem contas atrasadas para pagar. Não querem
saber se têm conseguido dormir à noite. Mas, pelo contrário, querem inteirar o
pastor dos pormenores de sua vida, consumindo horas intermináveis de um relato
de coisas que, às vezes, já foram trabalhadas pelo próprio pastor. Eles
descarregam, sem pena, uma tonelada de sentimentos frustrantes e negativos
sobre o pastor, e esperam que, como um passe de mágica, ele tenha a solução
pronta na ponta da língua. Sem falar que todos também cobram que o pastor não
pode dizer e nem fazer nada (como um ser humano normal) que fuja dos padrões
estabelecidos pela mente de cada um.
Se algum dia o pastor estiver de mal humor, logo se dirá que
ele é arrogante e mal-educado. Se disser uma palavra um tanto mais áspera do
que o normal, é um bruto. Se não cumprimentar, é displicente. E assim por
diante.
Todavia, é muito difícil agradar as pessoas, pois “cada
cabeça é um mundo”, como diz o ditado popular. Se o pastor prega uma hora, é
prolixo demais. Mas se pregar apenas trinta minutos, não tem conteúdo. Se é
alguém que gosta de ler e estudar, é um teórico, frio e acha-se o “sabe-tudo”.
Se não é dado a leitura, é paupérrimo demais e sem condições de ensinar. Se
visita as ovelhas, é porque quer se intrometer. Se não visita, é indolente. Se
ora muito, logo se dirá que é passivo e não dado à ação. Se não ora muito, é um
carnal. Poderíamos aqui investir muitas linhas com esse mesmo raciocínio, mas o
que escrevemos dá para perceber como é difícil apascentar as ovelhas.
Entretanto, é ainda pior quando o pastor não tem recursos e
veste-se de forma modesta. Logo se dirá que é um simplório ou, pior ainda, se
dirá que a bênção de Deus não está com ele. Mas, se o pastor começa a prosperar
e compra um veículo e sua família começa a vestir-se melhor e etc., as pessoas
começarão a olhar atravessado e ao pé da orelha se dirá que, possivelmente, o
dinheiro da igreja está sendo desviado. Isso coloca o pastor como um
prisioneiro das circunstâncias e fará com que se torne quase insuportável o
fardo que tem que carregar.
Tudo o que dissemos até aqui não tem o objetivo de fazer com
que as ovelhas tenham pena do pastor. Os pastores foram chamados não para serem
servidos, mas para servir. Cada um de nós sabe que, impreterivelmente,
encontraremos oposição, uma vez que a mensagem de Deus nem sempre é agradável e
fácil de entender. Entretanto, o que o povo de Deus deveria ter sempre em mente
é que os pastores são presentes de Deus para a igreja com o objetivo do
aperfeiçoamento dos santos.
“E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo”.
Efésios 4:11,12
Da mesma forma as
pessoas necessitam entender que cada um prestará contas de si mesmo a Deus. Mas
os pastores, além de prestar contas de si mesmo, também prestarão contas do povo
que o Senhor lhes confiou.
Obedecei
a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como
aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo,
porque isso não vos seria útil.
Hebreus 13:17
Devemos observar
que, segundo o Escritor da Epístola aos Hebreus, a igreja deve estimar seus
pastores, para que eles não ministrem “gemendo”, mas, pelo contrário, com
alegria. Pois isso não é proveitoso para o ministro e muito menos para a
igreja.
A responsabilidade
da vida pastoral não é pequena. Os fardos são pesados. Contudo, as palavras de
Paulo permanecem com sua beleza: “Excelente obra deseja”. E o que mais
almejamos em toda nossa vida é ouvir as palavras benditas do Senhor, quando nos
receber no Reino de Sua Glória:
“Vinde,
benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo”.
Mateus 25:34
E é essa promessa
que nos faz prosseguir sem desanimar, mesmo diante de todas as tribulações de decepções
que nossa experiência pastoral possa nos proporcionar. No final das contas, o
que está reservado para nós não se compara em nada ao que o Senhor tem reservado
para nós no Reino de Sua Glória. Assim, labutemos com galhardia, pois
receberemos a recompensa das Mãos dadivosas do Rei.
Pastor Ricardo
Castro
Igreja Bíblica Vida
Eterna (IBVE).
Amém meu pastor, o senhor é um homem exemplar e um pastor incrível, que cuida muito bem dos seus membros com amor, carinho e o ensinamento correto da palavra de Deus ❤️❤️
ResponderExcluirGraça e paz. Agradeço suas palavras gentis. Mas sobre mim pesa a responsabilidade de cuidar diligentemente do rebanho que o Senhor me confiou.
ExcluirReflexão muito importante. Parabéns!
ResponderExcluirVerdade Pastor infelizmente algumas pessoas não possuem empatia e parte para o julgamento do próximo. É a chamada hipocrisia onde só importa o que lhe convém . Mas Deus é contigo é ver vosso esforço para com seu ministerio. Que Deus abençoe.
ResponderExcluirOlá, amigo e colega de ministério! Que Deus lhe conceda a graça de permanecer não apenas com a percepção do significado, grandeza e responsabilidade do ministério, mas também com a habilidade para cumprir a cada dia as atribuições ministeriais com alma próspera, coração grato e com uma vida cheia do Espírito Santo. Parabéns pelo texto claro, conciso e realista. Forte abraço.
ResponderExcluirAmém, agradeço suas palavras incentivadoras, pastor.
ExcluirGraça e paz,conhecer o amado irmão Pra.Ricardo Castro foi e sempre será uma experiência maravilhosa,e ter diante de si uma pessoa íntegra,abnegada de suas vontades e dedicada ao reino de Deus,um homem cujo o esmeiro em suas funções tem feito resplandecer os seus conhecimento até os confins do mundo,sim digo isso pois nos continentes africano tem se espalhado as sementes da graça soprado da árvore da sua sapiência,um homem que não tem poupado palavras para expressar sua gratidão a Deus fazendo que outros se despertem para o mesmo propósito,servir ao nosso Senhor Jesus Cristo, bençãos seja cada vez mais em tua vida e família,att.Pr.Cardoso
ResponderExcluirFui ordenado pastor a cerca de 3 anos e nuca parei pra refletir sobre o que sofremos no exercício deste ministério. O fardo realmente é pesado, mas devemos nos lembrar sempre que Aquele que nos chamou nos dará meios para superar os contratempos que surgirem. Que Jesus continue nos dando graças.
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