DÍZIMOS E OFERTAS SÃO PARA HOJE? PR. RICARDO CASTRO
Dízimos e ofertas são para hoje?
É notório que muitas
denominações, no afã de enriquecer seus líderes, abusaram da doutrina dos
Dízimos e Ofertas. Consequentemente, depois de muitas décadas de excessos, as
críticas e ataques abundaram de todos os lados, principalmente na mídia
televisiva, que encontrou nisso um alvo fácil para o seu escárnio. E hoje, por
causa disso, todas as igrejas protestantes são rotuladas de desonestas.
Aproveitando-se disso, alguns
"mestres" teólogos, facilmente encontrados na plataforma de compartilhamento
de vídeos chamada Youtube, disseminaram uma série de prédicas em que afirmam
que descobriram coisas a respeito do Dízimo, que os pastores supostamente
tinham escondido do povo em geral.
Esse tipo de vídeo,
associado ao espírito rebelde que paira sobre nossa geração, fez com que
houvesse uma enxurrada de textos, vídeos, livros e coisas afins, que contrariam
a doutrina do Dízimo e acusam os pastores de serem charlatões, que se apropriam
dos parcos recursos de senhorinhas incautas que lhes seguem piamente. E esses
"mestres", posando de descobridores da pólvora, lançam em rosto dos
membros das igrejas as mais aviltantes palavras, acusando-lhes de serem
cordeiros mudos que estão a caminho do abate. Basta uma rápida pesquisa na rede
mundial de computadores para comprovarmos que aqueles que criticam a doutrina
do dízimo estão mais fortes do que nunca. E muitos que outrora eram
mantenedores da obra de Deus, por causa desses "teólogos" youtubers,
agora engrossam as fileiras dos contradizentes.
Diante disso é necessária
uma posição firme e forte daqueles que conhecem verdadeiramente os ensinamentos
bíblicos e não se deixam levar por vídeos maliciosos de pessoas mal-intencionadas
e que tem como objetivo primário (influenciados pelo diabo) aplacar a Obra de
Deus.
Dito isso, passamos agora
a descrever os argumentos dos contradizentes e a apresentar o que realmente a
Bíblia ensina.
Todavia, antes de tudo,
devemos ter em mente que a prática do Dízimo não é exclusiva do povo de Deus.
Trabalhadores de outros povos pagavam o Dízimo (a décima parte) de tudo o que produziam
para os abastados donos da terra. Posteriormente nações pagãs passaram a
tributar os dízimos para seus soberanos, como forma de manter-se sempre sob
seus cuidados. E nesses outros povos o dízimo também saiu do âmbito civil para
o religioso, quando os povos pagãos passaram a ofertar a décima parte de tudo o
que produziam para seus deuses. Tudo isso encontra-se registrado nos anais da
história, à distancia de uma simples consulta à rede mundial de computadores.
Voltando a falar sobre os
"mestres" youtubers, seu primeiro e mais forte argumento é que o
Dízimo faz parte da lei e por isso foi anulado pela Graça. Assim, um cristão
devolver o dízimo ou ofertar à casa do Senhor, seria o mesmo que um cordeiro seja
sacrificado e seu sangue aspergido sobre o povo em pleno culto evangélico. Partindo
desse pressuposto, os youtubers e seus discípulos acusam os pastores de
ludibriar o povo para apossarem-se de valores que não lhes são cabidos.
Todavia a Bíblia nos
mostra claramente que a prática do dízimo é bem anterior à lei.
Depois de libertar seu
sobrinho Ló das mãos do rei Quedorlaumer, encontrando-se com Melquisedeque, rei
de Salém, que era sacerdote do Deus Altíssimo, Abrão dá-lhe o Dízimo. Observe o
texto a seguir:
Então
Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho e
abençoou Abrão, dizendo: "Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador
dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus
inimigos em suas mãos". E Abrão lhe deu o dízimo de tudo. Gênesis 14:18-20.
Isso tudo aconteceu antes
da lei ter sido instituída séculos depois.
Da mesma forma Jacó
dedicou o dízimo a Deus, antes da promulgação da Lei: “E esta pedra que hoje
coloquei como coluna servirá de santuário de Deus; e de tudo o que me deres
certamente te darei o dízimo". Gênesis 28:22.
Ambos os episódios aconteceram
séculos antes da lei ter sido instituída. Por isso entendemos que, conquanto a
lei estipule regulamentos quanto à prática do dízimo, este é muito anterior a ela.
Assim cai por terra o argumento dos recalcitrantes.
Uma coisa que nos chama a
atenção no texto do dízimo de Abrão é que naquele episódio estavam presentes
tanto Bera, rei de Sodoma, quanto Melquisedeque, rei de Salém. E, como já
dissemos antes, o costume era pagar o dízimo ao senhor da terra, que, neste
caso, era o rei de Sodoma. Contudo, Abrão decide pagar o dízimo ao rei de
Salém. Porque? Só podemos concluir que o dízimo foi pago à Melquisedeque,
porque este era o sacerdote do Altíssimo, e Abrão estava atribuindo a Deus sua
vitória naquela batalha. Portanto, o dízimo é uma questão de gratidão.
Neste texto não há
nenhuma referência ao Sacerdote Melquisedeque cobrando o dízimo. Na realidade
ele ofereceu o pão e o vinho e abençoou antes de Abrão dar-lhe qualquer coisa.
Portanto, entendemos que o dízimo não pode ser cobrado e que deve ser oferecido
de forma voluntária. Assim, a prática dos pastores hodiernos de suspender a
santa ceia, oportunidades e outras coisas aos faltosos do dízimo também cai por
terra. A prática do dízimo não pode ser imposta. Deve ser voluntária.
Com seu ato Abrão estava também
envolvendo muito mais do que a oferta de coisas materiais. Abrão estava
tributando a Deus todos seus dons e reconhecendo que todas as suas vitórias
provinham d’Ele. No caso do dízimo de Jacó, também podemos ver que ele foi
motivado não pela obrigação, mas sim pela voluntariedade.
E em ambos os casos, a
prática do dízimo mistura-se à gratidão a Deus pelos seus feitos. No caso de
Abrão, o dízimo foi devolvido logo depois de uma grande batalha vencida. No
caso de Jacó, o dízimo foi devolvido antes de uma grande guerra que
enfrentaria, mas que mudaria completamente a sua vida.
O interessante é que
todos aqueles que dizem que o dízimo foi abolido porque sua prática consta no
Velho Testamento, não veem dificuldade alguma de apoderar-se de partes do Velho
Testamento quando isso lhes convém, como os textos de Deuteronômio 28 e Salmo
23.
Outro argumento muito
comum entre os adeptos do Youtube é que o dízimo não era em dinheiro.
É certo que nos
primórdios da história humana toda transação entre os homens era feita por meio
da troca de bens, já que não haviam moedas. Inclusive, a riqueza de um homem
era auferida por meio do que ele possuía. Confira o texto a seguir: "...possuía sete
mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas parelhas de boi e quinhentos
jumentos, e tinha muita gente a seu serviço. Era o homem mais rico do
oriente". Jó 1:3.
Por isso, nos tempos do
Antigo Testamento, inicialmente o dízimo era dado dos rebanhos e da colheita.
Possivelmente o Dízimo de Jacó já citado aqui, tenha sido de seus bens, uma vez
que a moeda ainda não tinha seu uso tão corrente. Entretanto, o Dízimo dado por
Abrão à Melquisedeque com certeza envolvia não apenas alimentos, pois o texto
diz que era o Dízimo de todos os espólios que eles trouxeram. E que espólios
foram esses? “Os
vencedores saquearam todos os bens de Sodoma e de Gomorra e todo o
seu mantimento, e partiram”. Gênesis 14:11. Note a diferença que há entre os bens e os
mantimentos. Portanto, já que Abrão dizimou de tudo, logo, seu dízimo incluía
outros itens mais preciosos.
Ainda existe o argumento
de que Abrão dizimou não de coisas que lhe pertenciam, mas sim, do que era de
outros, já que eram espólios de guerra. Mas a lei daqueles dias dizia que o
vencedor de uma batalha se tornava proprietário de todos os bens do vencido.
Então, por ter vencido a batalha, Abrão era o dono legal dos espólios. Logo,
ele dizimou do que era seu.
Já nos tempos de Jesus,
nem todos viviam apenas dos produtos agropecuários, pois a moeda estava em
pleno uso em todo o império romano. E já que o dízimo deve ser dado de toda a
renda, aqueles que recebiam seus vencimentos em moedas, deveriam dizimar delas.
Podemos ver claramente que naqueles dias haviam cambiadores no templo. "No pátio do
templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante
de mesas, trocando dinheiro". João 2:14. Isso acontecia porque os judeus dizimavam com
moedas e como eram de diversas partes do mundo, tinham que troca-las pela moeda
corrente em Israel.
Alguns ainda insistem que
o dízimo nos tempos de Jesus era de produtos da terra porque Ele disse “Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho,
e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”. Mateus 23:23. Aqui é necessário
conhecer um pouco do contexto histórico. Os judeus tinham a prática de plantar
dentro de casa essas plantas com o objetivo de aromatizar o ambiente. E os
fariseus, sempre levando tudo ao pé da letra, marcavam seus primeiros frutos
para quando estivessem maduros, oferecê-los como dízimo no templo. Mas faziam
isso simultaneamente ao dízimo em dinheiro.
E os recursos do
ministério de Jesus não eram em produtos da terra, mas, pelo contrário, eram em
dinheiro vivo, haja vista a necessidade de um tesoureiro. “Visto que Judas era o
encarregado do dinheiro, alguns pensaram que Jesus estava lhe dizendo que
comprasse o necessário para a festa, ou que desse algo aos pobres”. João 13:29.
Sem falar que as mantenedoras
de Seu Ministério eram mulheres que ofertavam dinheiro (Lucas 8:2,3).
Por esses textos, podemos
ter a certeza de que o dízimo não era apenas de produtos da terra, mas incluía
também a moeda.
E se Jesus fosse contrário
ao dízimo, como esbravejam os mestres youtubers e seus pupilos, Ele teria
repreendido a viúva que depositou "duas moedas" no gazofilácio do templo.
Mas, pelo contrário, a elogiou (Lucas
21:2).
E também o apóstolo Paulo
agradeceu à igreja dos Filipenses por que lhe haviam mandado, por meio de
Epafrodito, donativos para o seu sustento, enquanto pregava em Tessalônica. (Filipenses 4:15-19). É um tanto difícil crer que esse donativo tenha sido
de alimentos, uma vez que as viagens se davam por meio de barcos, carroças ou
montaria e, por isso, demoravam longos dias. Se essa oferta fosse de alimentos com
certeza estragariam.
Alguém poderá dizer que o
donativo deveria ter sido dado em grãos. Contudo, as palavras de Paulo deixam
claro que os donativos lhe supriram "de tudo". E já naqueles dias,
ninguém conseguiria viver apenas com o produto da terra. Logo, entendemos que
os Dízimos e as ofertas também envolviam o dinheiro.
E há também um princípio
bíblico: O Dízimo era devolvido como primícias (As primeiras coisas) e daquilo
que sustentava o povo. E, já que estamos inseridos em uma cultura capitalista,
em que não recebemos nossos proventos do fruto da terra, então, nada mais
lógico do que dizimar do dinheiro que recebemos. Sem falar que seria impensável
manter nossos templos apenas com produtos da terra, já que temos contas a
pagar. E o que dizer das Missões? Como poderíamos enviar missionários apenas de
posse de cereais? Logo, os dízimos e as ofertas em dinheiro são bíblicos.
Há ainda o argumento do
suposto silêncio Neotestamentário. Ou seja, os recalcitrantes alegam que Jesus
e a igreja do primeiro século não falaram do Dízimo. Quanto a isso, em primeiro
lugar, temos que ter em mente que diversas outras das práticas de hoje não
foram faladas por Jesus. Mas isso não implica em dizer que, por isso, essas
coisas sejam condenadas. Por exemplo, Jesus não falou quantas músicas deveriam
ser cantadas nos cultos, ou quantos dias na semana deveríamos nos reunir como
igreja. Ele também não disse que apenas os pastores deveriam pregar, ou que
apenas os presbíteros poderiam ministrar a Bênção Apostólica ao término do
culto. Ele nem mesmo disse que deveríamos ministrar tal bênção. Não há nenhuma
referência Neotestamentária de que apenas os que foram batizados nas Águas
podem participar da Santa Ceia. Então, apesar de Jesus não se referir a nenhuma
dessas coisas, não podemos concluir que sua prática é condenável.
Entretanto, Jesus falou a
respeito da prática do Dízimo pelo menos em duas ocasiões diferentes.
O Primeiro texto é o que
já citamos de Mateus
23:23:
Ai
de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã,
do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da
lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas
coisas, sem omitir aquelas.
Nesse texto Jesus critica
os Fariseus por serem tão escrupulosos em seus dízimos, mas esqueciam do âmago
da Lei de Deus: "a
justiça, a misericórdia e a fidelidade".
O caso é que a Lei
estipulava que, antes do uso das moedas, o dízimo deveria ser do Cereal, mosto
e azeite (Deuteronômio
14:22,23). Mas, querendo ser mais que
justos, até das pequenas plantas que tinham em casa como o Endro, o cominho e a
hortelã, eles dizimavam os primeiros frutos. Porém, a despeito de todo esse
escrúpulo, desprezaram o espírito da a Lei. Contudo, ao dizer que eles deveriam
"praticar estas
coisas, sem omitir aquelas", Jesus estava afirmando que a misericórdia e os dízimos deveriam ser
praticados de forma simultânea. O texto correlato é Lucas 11:42.
Acredito que a esta
altura já não há mais dúvida que nestes dois textos Jesus está ratificando a
prática do Dízimo. Todavia, Ele ainda se refere ao dízimo mais uma vez em Lucas 18:9-14:
A
alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus
contou esta parábola:
"Dois
homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O
fariseu, em pé, orava no íntimo: 'Deus, eu te agradeço porque não sou como os
outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho'. Mas o
publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no
peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador'.
"Eu
lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de
Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será
exaltado".
É notório que Jesus
contou esta parábola para criticar aqueles que exaltam a si mesmos. E, por
isso, os recalcitrantes alegam que, por inferência, Ele está criticando o
dízimo. Se seguirmos essa linha de pensamento teríamos que concluir que Jesus
estaria também criticando as outras práticas do fariseu, à saber, a frequência
ao templo, a oração e o jejum. Mas até o presente momento não vi nenhum dos
mestres youtubers alegar que Jesus é contrário a qualquer dessas práticas.
Na parábola em epígrafe, Jesus
em momento algum condenou a prática do dízimo. Sua intenção foi a de exortar as
pessoas quanto à vanglória e não a qualquer das outras práticas do fariseu. Com
certeza Jesus dizimou, pois não o fazer é roubo, segundo as Escrituras.
Já vimos que Jesus falou
a respeito do Dízimo e em momento algum o criticou. Mas e quanto aos apóstolos?
Temos que ter em mente que a Igreja e os apóstolos não falaram tanto a respeito
do Dízimo pelo fato de que, por ser uma prática tão corriqueira em seus dias,
não havia necessidade de qualquer ajuste nesse sentido. Para um judeu, era
impensável não devolver o dízimo. E sendo o cristianismo oriundo do Judaísmo,
os cristãos mantiveram o hábito de devolver o dízimo.
Mas para os seus ataques
infundados, os contradizentes usam de forma excessiva a igreja do Primeiro Século,
como se a igreja atual diferisse dela assim como a luz difere das trevas. Eles
se esquecem que no primeiro século haviam problemas da mesma ordem (ou até piores)
dos problemas de nossos dias. Uma rápida leitura no Novo Testamento e
especificamente em 1ª Coríntios provará isso.
Contudo, de certa forma
concordo quando dizem que a Igreja atual difere da igreja dos Apóstolos. Isso
por que, além do Dízimo, as pessoas doavam 100% de seus bens para a igreja, e
deixavam toda sua administração à cargo de seus líderes. “Não havia pessoas
necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam,
traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o
distribuíam segundo a necessidade de cada um”. Atos 4:34,35.
Portanto, mais uma vez
fica patente que os recalcitrantes citam a igreja primitiva apenas quando isso
lhes convém. Porém, nunca vi nenhum deles dispor de 100% dos seus bens para a
igreja administrar igual a igreja primitiva fazia.
Da mesma forma que os
contradizentes alegam que os apóstolos também não eram a favor dessa prática, e
que, por isso, seguem o seu exemplo. Todavia, dizem isso apenas em tese, pois
num vi nenhum deles seguir as palavras de Paulo, que citadas abaixo:
E
o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o
instrui. Gálatas 6:6.
Esses mesmos que são
contra a prática do Dízimo não veem problema algum de contribuir com até 30% de
sua renda para filiar-se a um partido político. Também não reclamam de pagar
mensalidades de sua agremiação esportiva, ou de clubes de camping. Inclusive,
todos os cidadãos desse mundo pagam impostos ao governo e não reclamam. E no
Brasil, cada cidadão paga impostos na fonte. Isto é, cada coisa comprada, seja
das menores ou das maiores, já tem o valor dos impostos embutidos em seu preço.
Sem falar do imposto de renda. Esse, se for sonegado configura-se crime. E
todos os impostos servem para pagar os funcionários públicos, bem como para a
assistência aos necessitados. Mas nenhum funcionário público tem o poder de
mudar a vida de ninguém. Conquanto as instituições governamentais de
assistência social possam ajudar, também nunca as vi transformar a história de
quem quer que seja. Da mesma forma os times de futebol, as agremiações
esportivas, os blocos de carnaval, os clubes de camping ou partidos políticos
não têm (e nem querem ter) qualquer poder para salvar ninguém. Mas a igreja tem
incansavelmente resgatado vidas miseráveis das garras do diabo. A Igreja tem feito
o trabalho que nenhuma organização (governamental ou não) nunca fez. A Igreja
tem tirado da marginalidade muitos dos piores bandidos que atuam no mundo todo.
Mas mesmo assim os mestres youtubers, posando de descobridores de verdades
ocultas, disferem golpes pesadíssimos contra a igreja de Deus, que
incansavelmente prega a mensagem do Evangelho, que é a única mensagem que tem o
poder de transformar totalmente a vida do ser humano.
Os que se levantam contra
a prática do Dízimo olvidam da realidade de que a igreja tem chegado as mais
inóspitas regiões, bem como aos mais tenebrosos rincões, pregando a Palavra da
Verdade. E para isso é necessária a contribuição financeira. Por exemplo, como
poderíamos chegar aos sertões de nosso país, castigado pela pobreza, sem que haja
toda uma logística que demanda dinheiro?
Como última cartada,
alguns dos recalcitrantes chegam a concordar com a prática do dízimo, mas com a
ressalva de que os pastores não devem ser assalariados. E para isso, na grande
maioria dos casos, citam o apóstolo Paulo, que fazia tendas para viver,
enquanto exercia o seu ministério.
Mais uma vez é notório a
falta de conhecimento bíblico desses "teólogos" da web. De fato,
Paulo tinha como ofício a confecção de redes. E houve momentos em que trabalhou
enquanto ministrava. Contudo, há o ensinamento claro de que, mesmo o apóstolo não
fazendo uso desse direito em uma ocasião, o salário é um direito daqueles que Ministram
o Evangelho.
Toda essa discussão
encontra sua maior expressão no texto de 1º Coríntios 9. Nesse texto o apóstolo
defende três direitos inalienáveis de quem está na incumbência de ministrar ao
povo de Deus: A liberdade de escolher os alimentos, o privilégio de poder casar
e o direito de receber seu sustento da igreja. No versículo 7 deste capítulo, o
apóstolo usa a figura de três trabalhadores que são dignos de serem sustentados
por quem os emprega: o soldado, o lavrador e o pastor. Esses trabalhadores
sobrevivem por meio de seu ofício. Podemos aqui fazer um paralelo com o
funcionalismo público de nossos dias, especificamente da classe política. Os
políticos são pagos por meios dos impostos dos cidadãos, para que possam
colocar em ordem as coisas em nosso país. E quanto a isso não há protestos. Sem
a classe política não haveria ordem. E quanto aos ministros
do Evangelho, a Bíblia deixa claro que “Não sabeis vós que os que
administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo
estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos
que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. 1ª Coríntios 9:13,14.
Assim
como os levitas eram sustentados pelos dízimos, pois não tinham herança (Números 18:24), os pastores podem viver de seu ofício. Sem falar que a orientação do
Apóstolo é no sentido de que aqueles que se empenham no ensino e pregação do
Evangelho, são dignos de um bom salário: Devem ser considerados
merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com
especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura
declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é
digno do seu salário. 1ª Timóteo 5:17,18.
E
como os youturbers arrogam para si o título de conhecedores do “evangelho escondido”
pelos pastores, deveriam levar a sério o texto que já citamos de Gálatas
6:6 “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele
que o instrui”. Se são tão cumpridores do Novo Testamento, eles
deveriam dar 50% de seus bens para quem lhes ensina a Bíblia.
Para
concluir, posso dizer que o dinheiro é algo espiritual. E com isso não estou
querendo “espiritualizar” as coisas e assombrar os contradizentes com maldições
e imprecações. Estou dizendo que o dinheiro pode dominar uma pessoa de tal forma
a tornar-se o seu deus. E esse deus exige total exclusividade e um grande nível
de entrega.
A
verdade é que todas as pessoas (falo sem medo de errar) que são contra a
prática do dízimo são mesquinhos que não veem problema algum em gastar grandes
somas de dinheiro com abadás de blocos carnavalescos ou entradas para shows de
comediantes blasfemos. Por isso o dinheiro é espiritual, pois quem é seu servo
se torna um ativista contra a Obra de Deus. Por isso, meu conselho é que deem
real valor aos textos bíblicos referentes a Dízimos e ofertas e que não queiram
ser empecilhos para o que Deus está realizando por meio da Igreja.
Pastor Ricardo Castro
Igreja Bíblica Vida Eterna (IBVE)
O assunto abordado é polêmico principalmente aqui no Brasil, pois, infelizmente a cultura informal que vigora é de tirar vantagem de outros e por isso a desconfiança, que, foi potencializada contra pastores por causa da mídia. O texto foi assertivo, deixou claro que o dinheiro pode se tornar u ídolo, que, Jesus em sua época já combatia (MT 6:24) e que é mais do que justo que os trabalhadores do reino recebam, pois, isso é da vontade do Senhor, uma vez que, ele mesmo ordenou aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho (1 co 9:14). Esse texto é uma bomba contra esses ´´ixpertinhos``
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