AS SAÍDAS DA VIDA E AS FAKE NEWS | PR. RICARDO CASTRO



Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.
Provérbios 4.23

Indiscutivelmente estamos na era da informação. Vivemos hoje em um tempo que nossos antepassados apenas sonharam. A informação hoje está disponível à distância de um clique do mouse. Entretanto, todo esse acesso à informação nos trouxe o acúmulo de notícias.
A grande verdade é que somos influenciados em grande escala, dentre outras coisas, pelas notícias que recebemos. Isso porque as notícias nos auxiliam na tarefa de discernir, por exemplo, como e onde vamos empregar nossos recursos financeiros, ou qual medida protetiva devemos tomar, ou mesmo como vamos nos portar diante de determinada situação. E isso é muito bom, já que nossos antepassados experimentaram situações adversas por não ter as mesmas informações que nós.
Entretanto, o fenômeno da informação trouxe também as chamadas Fake News, que são uma praga moderna. As Fake News, como o nome sugere, são notícias falsas, disseminadas por pessoas altamente mal intencionadas. Porém, apesar de serem criadas por maus corações, via de regra, são compartilhadas por pessoas bem intencionadas (ainda que incautas), que tem como objetivo ajudar outras pessoas.
Porém o grande problema é que somos bombardeados diariamente por tantas dessas Fake News, que fica até difícil de discerni-las. E quando menos esperamos, estamos tomando uma atitude errada ou cultivando um sentimento negativo, influenciados por essas notícias.
Porém não são apenas as Fake News que nos influenciam negativamente, mas também as notícias verdadeiras, disseminadas pela mídia séria, mas que reforçada pelo exagero. E essas também são compartilhadas por pessoas bem intencionadas, mas os mal intencionados também delas se utilizam como ferramenta para disseminar o caos e o desespero.
E toda essa influência negativa incide em diversas áreas de nossa vida. Por causa delas ficamos angustiados e tristes. Em alguns casos mais severos, alguns chegam a entrar em depressão. E nesse estado, o nosso corpo também sente. Ou seja, quando estamos abalados as dores de cabeça aparecem, bem como desarranjos intestinais, dores pelo corpo, queda da imunidade bacteriológica, etc. Isso em casos mais brandos. Mas existem casos mais severos em que se desenvolve dores crônicas, pedras nos rins e até o câncer. Essas são as chamadas doenças psicossomáticas (doenças que atingem o corpo, mas sua origem é a mente).
Já que é impossível ficarmos alheios às notícias, qual deve ser a nossa atitude? E o que a Bíblia fala a esse respeito?
Tomarei como base o texto citado no início para demonstrar o que a Bíblia tem para nos dizer.
Em primeiro lugar, o sábio Rei Salomão (autor do livro de Provérbios) nos diz que devemos "guardar o nosso coração". Ora, devemos entender que os antigos tinham o coração como a sede das emoções e sentimentos. Hoje falamos em "mente" ou "psique", como dizem os psicólogos.
Mas porque Salomão disse tal coisa? Justamente porque ele sabia que tudo de bom ou de ruim procede do coração. E esse fato é tão importante que ele começa a frase dizendo "Acima de tudo", ou seja, a coisa mais importante que devemos fazer antes de tudo é guardar o coração. E  complementa nos dando o motivo: "Porque dele procedem as saídas da vida". Então entendemos que é o nosso coração quem determina como será a nossa vida, uma vez que ele é o centro de nossa volição, desejos e sentimentos. Logo, um coração onde são cultivadas virtudes, gera um homem bom, virtuoso, educado, ainda que pecador. Já um coração carregado de coisas más só pode produzir um homem de baixa ética, malicioso, perverso, chegando até a ser execrável. 
Então como podemos seguir o conselho do sábio Salomão e guardar o coração? 
A atitude mais importante que deve ser tomada no sentido de proteger o coração é por nele um filtro. Ou seja, não podemos controlar as informações que nos chegam, mas podemos controlar quais delas irão nos influenciar ou não. Com isso estou afirmamdo que, mesmo que más notícias chegam a nós, temos o poder de fazer com que elas desçam ou não ao nosso coração, tornando-se em fonte de influência.
No momento em que escrevo essas linhas, o Brasil está enfrentando uma de suas piores crises. Ou melhor, não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro. Estamos enfrentando um período de pandemia pelo vírus Covid-19, que tem ceifado inúmeras vidas. Mas, o agravante de nosso país é que estamos também enfrentando uma crise política em que algumas pessoas querem depor o presidente. E como ferramenta de ambas as crises, surgem de forma avassaladora as Fakes News. E como diziam os antigos: As más notícias vem à cavalo. Isto é, as notícias negativas estão chegando com muito mais frequência do que as boas. 
Mas a mídia não está repleta apenas das Fakes News. Como dissemos anteriormente, existem também as notícias verdadeiras, que nem sempre são das melhores. Mas são veiculadas com um invólucro do exagero, que chega a ser usadas também por pessoas mal intencionadas, que de alguma forma lucram com o caos.  
E o pior de tudo é que tanto as Fakes News quanto as notícias verdadeiras nos chegam de tal forma embaralhadas que é muito difícil de distingui-las. E isso tem feito com que muitos estejam vivendo seus dias amargurados e outros até já entraram em um estado de depressão. Isso porque para os disseminadores do caos, nosso futuro é nebuloso com quase nenhuma perspectiva de melhora.
E o mais triste nessa história e que as pessoas atualmente estão sendo tão influenciadas que amizades antigas estão se rompendo por causa da política, pois muitos tem seus políticos ou partidos de estimação, que se tornaram verdadeiros bezerros de ouro. Por outro lado as péssimas notícias (tanto falsas quanto verdadeiras) à respeito da pandemia também tem trazido muita discórdia, já que alguns têm se utilizado do fato desse vírus mortal como arma política.
Devemos lembrar que as influências geram atitudes e por isso devemos pôr um filtro em nosso coração. E essas influências têm duas fontes, uma externa e outra interna. A fonte externa é que somos influenciados pelo que assistimos, por exemplo. Por quantos anos não fomos bombardeados com mensagens de sexo livre, traição, violência, homossexualismo, promiscuidade, etc? Na verdade existem canais de TV que se especializaram em tais coisas e por isso conseguiram doutrinar uma geração inteira na promiscuidade.
Somos também influenciados por aquilo que ouvimos. E o que falar das músicas atuais? Parece-me que seus autores foram todos doutrinados pelos canais de TV referidos acima, pois suas letras são das mais esdrúxulas. Em sua grande maioria tratam do sexo livre, drogas, traições amorosas ou apologias ao crime. 
Mas somos influenciados pelo que ouvimos não apenas no que tange à música, mas também a conversações e argumentos de pessoas que convivemos ou de nossos tutores, no caso, os professores. E esses últimos se transformaram em verdadeiros disseminadores de doutrinas perniciosas. Salvo, claro, algumas exceções.
Pensemos agora em um caso hipotético. Um jovem acorda pela manhã e ao se preparar para enfrentar mais um dia de aula, liga o rádio e é bombardeado pelo tipo de música com o conteúdo que discriminamos acima. Depois, ao sair de casa, tomando um transporte público conversa com seus pares em torno justamente do que trata as referidas músicas. Ao chegar à escola é bombardeado com argumentos bem engendrados de seus professores que tem como objetivo doutriná-lo no sentido a determinada visão política ou em direção a aceitação de certas opções sexuais. Então, ao chegar em casa, para se distrair ligua a TV e passa horas sendo bombardeado com novelas, séries e filmes que tratam dos mesmos assuntos. E como adendo, ainda é carregado de informações negativas sobre o governo e sobre o futuro. Em que estado o dileto leitor acha que ficará a alma desse jovem? E mais, de que forma essa pessoa encarará a vida que está por vir?
Em tese citei um jovem, mas esses fatores afetam pessoas de todas as faixas etárias, etnias e classe social. Como será o mundo de amanhã?
É por isso que é necessário que guardemos nosso coração dessas más influências, colocando filtros que nos possibilitam discernir o que poderá ou não preencher a nossa alma. 
Mas também existem os fatores internos e esses vêm do coração, onde devemos ter filtros. Isso porque a Bíblia diz que o nosso coração é enganoso  (Jeremias 17.9). Isto é, não podemos confiar nele, embora que a cada dia mais as pessoas ponham nele uma confiança total. Essas pessoas vivem um verdadeiro hedonismo, que crê que se o nosso coração aprova, se nos traz prazer, então tal coisa é divina. Só que essas pessoas desconhecem a verdade Bíblica de que o coração do homem é mal (Gênesis 6.5) e que é dele que procedem todas as formas de males (Mateus 15.19).
Portanto, é por esse motivo que temos que pôr filtros pelo lado de dentro. Ou seja, devemos limitar nossos desejos, aplacar a fúria e ponderar nossas ações para que possamos proteger nossos corações de influências maléficas.
Diante dessa perspectiva, é justo perguntarmos como podemos biblicamente manter o nosso coração puro.
Em primeiro lugar, o antídoto bíblico é que devemos preencher nossa mente de coisas verdadeiras, honestas, puras, amáveis e de boa fama (Filipenses 4.8). Dessa forma nossa mente não ficará carregada de negatividade e poderemos prosseguir de forma segura. 
A Bíblia também nos diz que a partir de quando recebemos Jesus como nosso Salvador, passamos a ter outros interesses e a viver também em uma esfera espiritual. Por isso, em segundo lugar, devemos buscar as coisas que agradam a Deus (Colossenses 3.1). Vejo nesse texto uma indicação, dentre outras coisas, de que devemos nos envolver com as coisas que dizem respeito ao Reino de Deus. E assim estaremos preenchendo a nossa mente com as coisas certas, não dando mais lugar para que a negatividade invada nosso ser. 
Em terceiro lugar, a Bíblia nos diz que devemos deixar o passado no passado e prosseguir em direção ao nosso futuro (Filipenses 3.13). Isso porque quando estamos presos ao passado, não conseguimos prosseguir em nossa caminhada. Todas as vezes que nos lembramos de ofensas proferidas contras nós, por exemplo, sempre retornaremos ao ponto em fomos ofendidos e reviveremos o sentimento amargo que tais palavras nos causaram. E isso torna-se uma ferida aberta que dói constantemente e nos impede de sair dessa prisão emocional.
Mas, quando falo de deixar o passado no passado, não me refiro a esquecer todo ele, pois nele há diversas coisas boas que tornam-se em molas propulsoras que nos lançam para o futuro. E não podemos nos esquecer que todas essas coisas foram proporcionadas pelo Senhor, já que é Ele quem determina todas as coisas.
Gosto muito do texto de Salmo 46.8 que diz “Vinde e contemplai as obras do Senhor”. Esse texto me faz sentir que sou convidado a olhar para o passado com vistas a contemplar o que Deus tem feito e como tem dispensado de Sua infinita Misericórdia sobre mim. Acredito que era isso também que povoava a mente do Profeta Jeremias quando disse “quero trazer à memória aquilo que pode me dar esperança” (Lamentações 3.21). Entendo que todas as vezes que olho para o passado, estou autorizado apenas a ver as coisas boas que Deus me proporcionou. Isso para que eu possa manter o meu coração limpo.
Por fim, embora não possamos ficar alheios aos acontecimentos mundiais, podemos (e devemos) impedir que as más notícias desçam para o nosso coração, nos tornando pessoas amargas e depressivas. Para isso devemos colocar filtros que impeçam que as influências internas e externas criem atitudes que se tornarão hábitos e que poderão nos colocar em situações difíceis. Isso porque é o nosso coração (mente, alma) que determina como viveremos nossas vidas. Portanto, que possamos preencher a nossa alma de coisas boas, que nos envolvamos com as coisas que agradam a Deus, que façamos a Sua obra, deixando nosso passado no passado e que só recorramos a ele se for para lembrar dos momentos bons proporcionados pelo Senhor. E, sobretudo, que possamos encher as nossas almas com a Palavra de Deus.
PASTOR RICARDO CASTRO

Comentários

Postagens mais visitadas