COMO SER GRANDE? | Pr. Ricardo Castro


 

COMO SER GRANDE?

Lucas 1:13-15

Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.

 

Tenho uma ligação afetiva muito forte com João Batista, pois o primeiro estudo bíblico que escrevi foi a respeito dele. Realmente ele foi um grande homem. Ele foi um dos poucos homens a quem Jesus elogiou.

Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista (Mateus 11.11).

Quem também não quer ser grande? Quem não quer ser uma pessoa que se destaca numa geração em que todos são iguais?

Entretanto, segundo as palavras do anjo Gabriel, podemos ver claramente que existem dois tipos de grandeza: A grandeza do mundo e a grandeza diante de Deus. No caso, foi dito a respeito de João Batista que ele seria “grande diante de Deus”.

Mas o que é ser grande diante de Deus? O que se pode fazer para ser grande diante de Deus? O que está envolvido?

Esse assunto é importantíssimo e essencial para o verdadeiro cristão, mas, antes de discorrer sobre ele, veremos o que é ser grande diante do mundo, já que muitas pessoas buscam esse tipo de grandeza.

Em primeiro lugar, a grandeza do mundo está relacionada com as posses e o status financeiro que alguém possa obter. Ou seja, quem tem mais é considerado uma pessoa grande.

Em que casos dizemos que determinada pessoa é um grande empresário, por exemplo? Geralmente empregamos esse adjetivo àquele empresário que é dono de muitas empresas e que, geralmente, ostenta um patrimônio de cifras astronômicas. Existem, inclusive, programas de TV dedicados à ostentação dos “grandes” deste mundo. E tais programas têm altos índices de audiência. Isso porque, os que não são grandes segundo os padrões do mundo, tendem a admirar e desejar o que está sendo ostentado.

Entretanto, o grande problema em ser grande por causa do que se ostenta é que muitas vezes, os ricos nem sempre conseguem manter seu status por muito tempo. Homens que eram considerados como os poderosos da terra por causa de sua fortuna, perderam tudo devido às crises e passaram a ser motivo de piada.

Mas, outro grande problema em ser grande por causa das posses é que, mesmo que alguém consiga manter sua fortuna por toda a vida, às vezes ela não é suficiente contra doenças incuráveis. Também não conseguem manter sua família unida, mas pelo contrário, muitas vezes a fortuna é a causa de sua desunião. E em última instância, ninguém levará para o além túmulo os dinheiro e as posses que conseguiu auferir em vida. E após a sua morte, sua fortuna é motivo de discórdia dos parentes que ficaram vivos. 

Assim, ser grande diante do mundo por causa da fortuna é uma grandeza efêmera.

O mundo também chama de grande aqueles que se destacam em suas áreas de atuação, como atores, profissionais liberais, artistas, músicos, etc.

E aqui destaco, como baterista que sou, o grande Buddy Rich, baterista do famoso Frank Sinatra. Sua técnica e habilidade musical lhe conferiram o status de um grande homem, ainda que a grande maioria das pessoas não saibam como ele era como pessoa. Esse status lhe permitiu dizer a frase primorosa “quem não estuda acaba se tornando um baterista de banda de Rock”, e mesmo assim, muitos bateristas de rock o admiram.

Se destacar em sua área de atuação é muito bom e penso que todos nós sonhamos em ser grandes em diversas áreas. Mas o problema é que essa grandeza também é efêmera, porque muitas pessoas são grandes no que fazem, como um músico pode ser grande com seu instrumento, mas pode ser um verme em sua vida pessoal. Não daremos nomes aos bois, mas conhecemos muitas “celebridades” que são assim.

Mas, também alguém é considerado grande pelo mundo quando fez alguma obra filantrópica. 

Nessa geração, já vimos jogadores de futebol que fundaram instituições de apoio para resgatar meninos de rua. Vimos estrelas de Hollywood que doaram milhares de dólares para causas humanitárias. Empresários que dispensaram uma soma enorme de dinheiro para incentivar as artes ou a assistência social. Também não podemos deixar de lado as estrelas da música que criaram casas de assistência, que recuperam prostitutas e toxicômanos.

Mas também vimos homens e mulheres sem muitos recursos financeiros, que empenharam sua vida em favor dos necessitados.

E como o mundo os agradece? Geralmente há no máximo uma nota na mídia a respeito de seus feitos e em outros casos, costuma-se colocar seus nomes em instituições de caridade e/ou de saúde. 

Mas o que as pessoas se esquecem é que os atos filantrópicos que os famosos fazem, tem como objetivo algo não muito nobre: o ganho pessoal. Isso porque, quando uma pessoa faz algum tipo de ação social com a sua fortuna, comumente os governos aliviam os encargos de seu imposto de renda. Dessa forma, esses atos filantrópicos não são altruístas, mas sim, uma troca.

Ademais, a grande maioria desses famosos fazem ações sociais com o dinheiro que lhe sobeja. E essa soma geralmente não faz nem cócegas na sua enorme fortuna.

E o que dizer daqueles que não têm recursos e dedicam a sua vida às causas sociais, como os médicos sem fronteiras, por exemplo? Esses, de fato, são pessoas notáveis a quem tiro o meu chapéu. Entretanto, seus atos altruístas comumente não são reconhecidos pela sociedade. E quando são, o máximo que se faz é, como disse anteriormente, colocar seu nome em uma instituição de caridade. Só que as gerações futuras acabam nem sabendo quem era a tal pessoa e, na verdade, nem querem saber. Seu nome apenas nomeia um prédio ou uma rua. Mas, e depois o que acontece?

Então podemos ver que ser grande por causa de atos de altruísmo, ainda que sejam benéficos, também é uma grandeza efêmera, já que a pessoa e seus atos são esquecidos facilmente.

Mas, segundo o anjo Gabriel, existe outro tipo de grandeza: A grandeza diante de Deus.

Afinal, o que é ser grande diante de Deus?

Podemos deduzir que aqueles que são grandes diante de Deus, geralmente não são grandes diante do mundo, salvo raríssimas exceções.

João Batista não poderia ser reconhecido como uma pessoa grande, segundo os padrões do mundo. 

Em primeiro lugar, como seu pai Zacarias era sacerdote e o sacerdócio era hereditário, ele deveria seguir os passos de seu progenitor. Mas João não quis a pompa de um sacerdote. Ele foi morar no deserto. 

E não apenas isso, ele não se vestia como alguém distinto com as roupas da moda ou com as vestimentas de um sacerdote. Suas vestes eram fabricadas com pelos de camelo. Penso que não apenas seu visual era bruto, mas também seu cheiro. 

Ele não comia dos manjares da terra, como faziam os poderosos sacerdotes de seus dias. Sua dieta era à base de gafanhotos e mel silvestre. Um menu bem estranho, mesmo para aqueles dias.

Ele não pregava no templo, mas no deserto. E o interessante é ver que mesmo assim, as pessoas se dispunham a sair dos grandes centros urbanos para ouvir suas preleções.

Sua mensagem não era popular. Era uma mensagem dura, mas necessária, sobre arrependimento. E muitas pessoas anuíram a ela, mesmo não tendo seus egos massageados.

Seu ministério não foi duradouro. Teve apenas seis meses de duração. 

Vejamos que coisa singular. Não sabemos com que idade ele deu-se conta de seu ministério, mas com certeza deve ter sido anos antes dos acontecimentos narrados no Evangelho. Então, ele passou muito tempo no deserto apenas se preparando e esperando o tempo certo, para ter um ministério relâmpago de apenas seis meses. Quem o consideraria grande?

E quando ele teve a chance de ser grande por ocasião de lhe perguntarem se ele era o Cristo, ele tributou toda glória a Jesus, dizendo: Não sou digno de desatar as correias das sandálias d’Ele.

E mesmo nesse breve período, algumas pessoas se agregaram a ele. Mas João não fez discípulos para si. Quando viu Jesus disse para os discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Com isso os discípulos o deixaram e seguiram Jesus. Quem o consideraria grande segundo os padrões do mundo?

Mas João Batista foi grande em pelo menos três aspectos:

Primeiro, ele foi grande em sua fidelidade a Deus.

O que é ser fiel? Essa é outra questão importantíssima para essa geração de infiéis em que vivemos.

Ser fiel é não contrariar a confiança depositada em nós. É ser leal e devotado, mantendo compromisso com uma causa ou com alguém. E João foi assim em relação a Deus. Mesmo diante das possibilidades de obter as glórias e as pompas desse mundo, ele preferiu manter-se fiel ao chamado do Senhor.

Segundo, ele foi grande em sua submissão, pois mesmo de posse do conhecimento de que ele era o cumprimento da profecia de Isaías 40, esperou o momento exato para começar seu ministério. João só agia conforme as orientações do Espírito de Deus que lhe disse que sobre aquele a quem visse descer a unção de Deus, esse era o Cristo. E ele esperou pacientemente.

Que contraste. Vivemos numa geração em que a insubmissão e a irreverência são consideradas virtudes, até entre os cristãos.

E em terceiro lugar, ele foi grande na sua fé em Cristo. 

Depois de ver o Espírito descendo sobre Jesus em forma de uma pomba, ele o apontou para o mundo como o Cordeiro de Deus. E antes disso disse que era ele quem deveria ser batizado por Jesus, provando assim que acreditava piamente que este era o Messias profetizado.

E esse é outro grande contraste com esta geração de uma fé relativa. Em nome da tolerância, as pessoas de hoje desacreditam na verdade absoluta. E para muitos, Jesus é apenas mais um dos muitos salvadores que o mundo já teve.

Pelo exposto até aqui, entendemos que a resposta à pergunta de como podemos ser grandes diante de Deus está relacionada às virtudes da Fidelidade, submissão e fé.

Ser grande segundo os padrões do mundo, de certa forma, é bem fácil. Basta adquirir bens ou dividendos, praticar a filantropia ou destacar-se em seu meio. Mas tudo isso é como construir uma linda casa usando palha como material. Qualquer intempérie a destruirá.

Mas ser grande diante de Deus envolve muito mais. Envolve a mortificação diária, a renúncia, o trabalho abnegado não para os homens, mas para Deus. 

E isso é um investimento que não ficará aqui e causará discórdia por causa da ganância. Certamente é um feito que não será reconhecido pelo mundo, mas que somará verdadeiros tesouros no céu.  

Foi Jesus quem disse: 

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mateus 6.19-21).

Assim, busquemos ser grandes diante de Deus por meio de nossa Fidelidade, Submissão e Fé, que são investimentos que ultrapassarão o além túmulo e nos recompensará na eternidade.




 


 


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