NÃO DEIXE O MEDO LIMITAR VOCÊ | Pr. Ricardo Castro
NÃO DEIXE O MEDO LIMITAR VOCÊ
João 20:19-23
Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.
Às vezes me coloco na posição dos discípulos de Jesus e vejo como deve ter sido difícil para eles. Afinal, aquele que eles acreditavam ser o Filho de Deus havia sido assassinado. E no texto acima, vemos que eles estavam com medo e por isso estavam escondidos de portas fechadas dentro de uma sala. Eles pensavam que, já que os romanos haviam matado seu Líder, agora vinham atrás deles. Então por medo entraram naquele cômodo e fecharam a porta.
O medo é terrível. Ele nos limita, adoece a alma e prejudica os relacionamentos.
É certo que o medo nos foi dado por Deus como um instrumento de preservação da vida, pois quando estamos com medo o hormônio da adrenalina invade nosso corpo e nos deixa alerta. Dessa forma, todos os nossos sentidos ficam aguçados. Ouvimos mais, percebemos melhor as coisas, cheiramos mais, etc.
O problema é que se o estado de medo se agiganta, dele procedem muitos males. Estar em estado constante de medo é extremamente prejudicial.
Naquela ocasião, os discípulos estavam com as portas fechadas porque estavam com medo dos assassinos de Jesus. Eles estavam encerrados e limitados num pequeno cômodo por causa do medo.
Com certeza podemos nos identificar com os discípulos de Jesus. Quantas vezes não ficamos limitados por causa do medo? O medo nos impede de progredir.
Naqueles dias, a morte de Jesus era o fim das expectativas. Eles haviam depositado toda a confiança em Jesus, mas o assassinaram. E é justamente isso que acontece conosco em muitas oportunidades. Apostamos nossas fichas em determinada situação e confiamos que tudo vai dar certo. Mas sofremos reveses e nossas expectativas são frustradas. E o resultado é o medo. Medo das consequências. Medo de que algo pior aconteça. Medo do desconhecido.
Mas será que os discípulos tinham razão de estar com medo? Certamente que não!
Jesus havia lhes advertido inúmeras vezes o que estava para acontecer e como ele seria hostilizado em Jerusalém, mas que iria ressuscitar ao terceiro dia.
Além disso, as mulheres já haviam lhes dito que o túmulo estava vazio (Mateus 28.10) e Pedro e João haviam ido até lá e comprovado o fato (João 20.3-8). Inclusive, um anjo disse que Jesus os esperaria na Galiléia (Mateus 28.7). E Maria Madalena já o havia visto vivo (João 20.16). Mas mesmo diante de todas essas provas, eles estavam com as portas trancadas por causa do medo. Deliberadamente decidiram não crer nos fatos que estavam diante dos seus olhos.
Mas não podemos criticá-los, pois muitas vezes é o que acontece conosco. Quantas vezes também não fechamos as portas de nossa vida por causa do medo?
As portas fechadas significam limitação. Nada de avanço, nada de relacionamentos.
Fechamos as portas porque tememos o fracasso. Fechamos as portas porque temos medo de nos machucar. Também fechamos as portas com medo do desconhecido. A incerteza do que pode nos acontecer é uma das maiores geradoras de medo em nossa vida.
Mas, sendo bem realista, quem já não temeu o fracasso, a dor e o desconhecido? Essas são experiências intrínsecas a todos os homens.
Entretanto, não somos pessoas comuns. Temos sobre nós o nome de Cristãos, pois em nós habita o Rei dos reis. Assim, será que temos motivos para estar com as portas fechadas por causa do medo? Certamente não!
Acho muito interessante o que Jesus fez na ocasião em que os discípulos estavam com as portas fechadas por medo. E suas ações ali nos falam muito hoje.
Em primeiro lugar, mesmo com as portas fechadas, Jesus entrou no ambiente. Isso mostra que as portas que fechamos não o impede de entrar em nossa vida.
Lembro-me das palavras do Apóstolo Paulo que disse que a tribulação, aflição, perseguição, necessidade, perigo ou mesmo a violência, e nem anjos e nem demônios pode nos afastar do amor de Jesus (Romanos 8.35). E é sempre ele que toma a iniciativa de vir em busca de nós e não o contrário.
E quando Ele entrou no ambiente, a primeira coisa que fez foi dizer “paz seja convosco” (João 20.19).
Alguns poderão objetar que era um costume dos judeus saudar a todos dessa forma. Entretanto essa saudação toma um novo sentido quando sabemos em que contexto ela foi dita.
Tendo em vista que eles estavam trancados com medo, aquela saudação estava lhes dizendo que eles não precisavam temer, pois Jesus não estava morto. A Esperança estava viva. Ele está conosco!
A paz é o antídoto do medo. Quem está em paz não pode estar com medo e visse e versa.
Lembro-me também das palavras de Jesus, quando disse que nos deixaria a Sua paz, que é diferente da paz que o mundo dá. Isso porque a paz do mundo está ligada a coisas que possamos adquirir ou de boas circunstâncias em que estamos. Assim, a paz do mundo não pode ser verdadeira, já que as coisas a que ela está condicionada são efêmeras e volúveis.
Contudo, a paz que Jesus nos dá é perfeita e verdadeira, já que ela independe de qualquer outra coisa além d’Ele mesmo.
Entendemos com isso que não precisamos fechar as portas de nossa vida, pois a Paz de Deus, que excede todo o entendimento tem o poder de guardar o nosso coração e a nossa mente (Filipenses 4.7).
E logo após Jesus mostrar as feridas dos cravos em suas mãos e a estocada da lança nas suas costelas, os discípulos se alegraram (João 20.20). Ora, aquele era realmente Jesus. Ele estava de volta da morte.
Em meio as tribulações e adversidades de nossas vidas, podemos contemplar o sacrifício de Cristo em nosso favor e isso renovará a nossa alegria.
E eis aí mais um antídoto para o medo. Quem está alegre não pode estar com medo. Dessa forma, Jesus renovou a alegria dos seus discípulos e está restaurando hoje a nossa alegria também. Não precisamos temer.
Mas, uma das coisas mais interessantes que Jesus fez naquele dia foi ter soprado sobre eles o Espírito Santo (João 20.22).
Sabemos que o Espírito Santo é quem nos assiste nas angústias (Romanos 8.26) e que Ele é o substituto de Cristo, que não nos deixou órfãos. Com essa atitude Jesus está nos mostrando que não temos que temer, pois temos tudo o que é necessário para que possamos enfrentar os reveses da vida. Ele nos selou com o Espírito Santo, que é o penhor da Sua Glória (Efésios 1.13,14).
Por fim, Jesus dá uma ordem aos seus discípulos: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20.21). Claramente Ele estava repreendendo-os por estarem fechados naquele lugar, quando tinham uma obra maravilhosa para realizar. Temos que abrir a porta e sair.
Tudo isso me ensina grandes lições. A primeira delas é que não preciso temer o fracasso, pois mesmo ele contribuirá para o meu bem (Romanos 8.28).
Não preciso fechar a porta com medo de me machucar, porque em alguns momentos da minha vida terei que enfrentar a dor. Ela é inevitável. Mas mesmo assim, mesmo que me machuque em algumas ocasiões, Ele é o Médico dos médicos e tem o bálsamo para curar as minhas feridas (Jeremias 8.22).
E quanto ao desconhecido, ou seja, àquilo que está no amanhã, não preciso temer porque a minha vida está oculta com Cristo em Deus (Colossences 3.3).
Assim, tenho que abrir a porta e sair para a vida sem medo, porque Jesus me diz que a sua paz e o seu Espírito Santo estão comigo, me dando os insumos para viver a vida.
Mas cabe a mim abrir a porta e sair de onde estou limitado, pois assim como o Pai enviou Jesus, Ele me envia para propagar as boas novas.
Que abramos as portas.
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