CASTIDADE E LICENCIOSIDADE: Uma tensão dos nossos dias




Um jovem cristão toma um carro de aplicativo para ir à escola e o motorista está escutando uma música estilo Trap com uma letra que remete à relação sexual. Na escola, todos seus amigos conversam a respeito das aventuras sexuais do último fim de semana. Em casa, à mesa do almoço, sua família degusta a comida assistindo a TV, e o que o jovem vê são comerciais com conteúdo sexual. Para relaxar durante a digestão, ele decide acessar suas redes sociais e é assaltado por diversas postagens com conteúdo insinuante, com o incremento de vídeos curtos de jovens com roupas escassas, dançando sensualmente. No curso preparatório que frequenta à tarde, mais conversas de seus companheiros a respeito das últimas relações sexuais que tiveram. À noite o jovem vai ao culto, e na hora da pregação, o pastor baseia sua palavra em 1ª Pedro 4.8, dizendo que o que importa é o amor, independente do que se faça.
Como fica a mente depois de um dia como esses? Uma mente bombardeada com tanta informação indecente, certamente desmoronará diante desta forte influência.
A história citada acima é hipotética, mas certamente ocorre diariamente, não apenas com os jovens, mas com todos nós. E é por isso que o assunto da licenciosidade dos nossos dias é de importância vital. A licenciosidade de que falo, se refere a comportamentos libertinos e promíscuos frequentemente retratados em filmes, livros e nas redes sociais, e influenciam as opiniões e comportamentos das pessoas. Isso leva a uma distorção dos valores morais e sociais, e faz com que as pessoas acreditem que esses comportamentos são normais devido à sua popularidade.
No entanto, devemos lembrar que, como cristãos, somos chamados a viver de acordo com os princípios elevados do cristianismo e a ser luz no meio das trevas. Portanto, ceder às influências licenciosas é uma derrota. Infelizmente, temos visto que até alguns pastores evitam pregar sobre moralidade, pois isso não gera ganhos financeiros. Por isso, muitos deles ministram prédicas superficiais, cheias de autoajuda e regada por um amor falso que aceita tudo.
É triste ver que a virtude da castidade é desconhecida por jovens e adultos de hoje, que vivem suas vidas de acordo com a licenciosidade atual, acreditando que isso não viola os princípios bíblicos. É importante lembrar que a castidade é ensinada na Bíblia, e é uma forma de honrar a Deus e a nós mesmos. Por isso, os cristãos devem entender e praticar esse ensino bíblico, e sejam exemplos de virtude para aqueles ao seu redor.
Em meados dos anos 2000 surgiu um movimento nos EUA chamado “Eu decidi esperar”. Esse movimento tinha o objetivo de incentivar os jovens a manterem-se castos até o casamento. Aqueles que aderiam usavam pulseiras, camisetas e outros materiais que os identificava. E o movimento promovia palestras, eventos e grupos de discussão para apoiar esses jovens em sua jornada. Esse movimento logrou também certo êxito no Brasil, mas paulatinamente foi sumindo e hoje não existe nem rastro de sua influência. E através do fenômeno das redes sociais, que é uma coqueluche moderna, a licenciosidade tem sido amplamente propagada, formando a mente dos jovens desavisados. Sobretudo na rede social chinesa Tik Tok, que proporciona uma experiência com vídeos curtos e que tem viciado essa geração. Essa rede social, por ser uma plataforma aberta, permite que seus usuários compartilhem vídeos com conteúdo indecente, que é consumido avidamente pela massa como se fosse algo normal. A maior parte de seu conteúdo consiste em vídeos de até sessenta segundos com jovens vestindo roupas mínimas e dançando insinuantemente.
De certa forma, o vício das redes sociais e de seus vídeos curtos, é impulsionado pela pressão da comunidade em que vivemos, que costuma excluir quem não faz uso dessas ferramentas.
Não obstante, somos também bombardeados por outras ferramentas de mídia, como as campanhas publicitárias que para vender um produto simples, incluem pessoas com roupas indecentes (ou sem elas), insinuando-se enquanto apresenta o produto. E os filmes e novelas, por sua vez, incluem cenas picantes, que na maioria das vezes não faz diferença alguma para a trama. E como historicamente as pessoas são influenciadas por meio dessas ferramentas, o comportamento que surge certamente não é o ideal.
E não podemos deixar de fora a música. Ela sempre esteve saturada de conteúdo promíscuo, mas costumava ser implícito. E quando sua letra promíscua era explícita, geralmente era considerada de mau gosto. Mas hoje as músicas mais populares são aquelas que descrevem relações sexuais ilícitas com palavras de baixo calão.
À princípio isso pode ser encarado como coisa inocente, mas na verdade, é uma porta aberta para o acesso a sites e páginas com conteúdo mais pesado. Conteúdo esse que traz grandes malefícios para seus consumidores como, por exemplo, problemas de auto estima por parte daqueles que não conseguem enquadrar-se nos padrões atuais. Traz também problemas de relacionamento, já que uma pessoa com mente saturada por esse conteúdo, geralmente exigirá de seu cônjuge não menos do que vê na tela. Mas também incentiva outros problemas como estresse, ansiedade, depressão, dentre outros. Mas o problema maior que esse conteúdo pode causar é a desconexão com Deus, devido ao entorpecimento de uma mente saturada de conteúdo indecente.
Diante desse quadro tenebroso, encontramos direção nas Escrituras Sagradas. Em 1ª Coríntios 6.18 o Apóstolo Paulo adverte a que os cristãos fujam da contaminação da licenciosidade. E seu argumento é que esse tipo de pecado é cometido contra o corpo, que é templo do Espírito Santo. E aprofunda sua advertência em 1ª Tessalonicenses 4.3-8, acrescentando que Deus nos chamou para a santificação e que quem rejeita esta advertência, está rejeitando o próprio Deus.
E os casados não ficam de fora, pois o autor da Epístola aos Hebreus (13.4) diz que o leito conjugal deve ser honrado. Logo, o conteúdo indecente deve ser rechaçado pelos cônjuges e prezada a santidade.
Tendo em vista que o ataque desse conteúdo é à mente, enchendo-a de imagem imorais, o conselho bíblico é que saturemos a nossa mente de “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4.8) e “pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra” (Colossenses 3.2 versão NAA).
Somado a isso, ainda há o recurso de recorrer ao aconselhamento de líderes espirituais que o Senhor Jesus instituiu para o auxílio dos santos (Efésios 4.11,12), que ministrarão orientação e oferecerão orações que resgatará as almas que estiverem nesses pântanos fatais.
É certo que seremos expostos à licenciosidade atual e aos seus conteúdos indecentes de forma constante e inescapável. No entanto, é possível evitar ser afetados por esses conteúdos e manter a santidade e os nossos valores intactos.
Uma forma de se proteger é evitar dar atenção a esses conteúdos, e passá-los sem os consumir, quando acessarmos as redes sociais. O discernimento nesse caso é fundamental. Também devemos ser conscientes de que fomos chamados por Deus para ser luz nas trevas, e esse pensamento nos guiará quanto rejeitar esses conteúdos. Além disso, devemos nos lembrar de que somos o sal da terra, ou seja, somos diferentes da sociedade que nos cerca. Se cedermos, perderemos nossa essência e nossa identidade cristã, tornando-nos insípidos.
Outra forma importante de se proteger é manter uma vida devocional diária, com louvor, oração e leitura da Bíblia. Essas práticas fortalecem nossa relação com Deus e nos dão a força e a orientação necessárias para resistir às tentações.
Finalmente, devemos nos identificar com José do Egito, que, mesmo diante de uma tentação poderosa, optou por ser fiel a Deus e permanecer casto. Seguindo seu exemplo, podemos resistir à licenciosidade atual e manter nossa fé e nossos valores cristãos intocáveis.
Que Deus nos ajude a permanecermos puros até a volta de Jesus.









Ricardo Castro
Pastor da Igreja Bíblica Vida Eterna.


Comentários

  1. Excelente artigo pastor. Necessário para nossos dias. Vejo uma falta de temor muito grande, principalmente dos jovens da igreja, que agem como se Deus entendesse os pecados e usam isso como desculpa para as escorregadas, muitas vezes proporcionadas por essa inundação de conteúdos impróprios. Poucos são os que procuram ajuda e aconselhamento sobre isso, querendo se livrar de uma vez por todas dessas sujeiras. Glória a Deus por esse artigo.

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