UM CHAMADO A SER DIFERENTE DO MUNDO



A perseguição aos cristãos tem raízes históricas profundas. Desde os primórdios do Cristianismo, com a fundação da Igreja por Jesus Cristo, relatada em Atos 2, a Bíblia nos apresenta diversas formas de perseguição aos seguidores de Cristo. Essas formas de perseguição evoluíram ao longo dos séculos e adaptaram-se aos diferentes contextos históricos, chegando às perseguições que ainda presenciamos em nossos dias. Em alguns lugares, essa perseguição é aberta e gritante, mas em outros casos, é mais sutil e velada.
É fácil dizer que as perseguições enfrentamos hoje são simplesmente devido ao fato de sermos cristãos. No entanto, o motivo por trás dessas perseguições vai além do título de cristão, já que alguns dos que se denominam cristãos, negam isso com suas atitudes. Jesus nos chamou a ser diferentes do mundo, a viver de acordo com os valores e princípios cristãos, mesmo quando isso é difícil e desagradável à carne. Um dos versículos que melhor explica esse chamado é Romanos 12:2.
E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Este versículo nos lembra que, como cristãos, devemos renovar nossa mente e mudar nossa forma de pensar e agir para seguir os princípios cristãos, sem se conformar com os valores mundanos. Isso pode ser desafiador e até mesmo ameaçador para aqueles que se opõem a estes princípios e valores.
É interessante notar o contraste que Paulo faz entre conformação (do grego suschēmatizō), que traz a ideia de tomar a forma de algo, e renovação (do grego metamorphōsis), que traz a ideia de uma transformação radical.
Dessa forma, entendemos que o Senhor nos ordena a que não nos amoldemos as coisas deste mundo. Ou seja, como cristãos, não podemos pensar, agir, falar, medir, interagir e amar como o mundo, pois Ele já nos transformou inteiramente.
E essa é a razão pela qual somos perseguidos pelo mundo: nós somos diferentes em nossos princípios e valores.
Mas não podemos esquecer que o Senhor disse que “se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia” (João 15.18,19). E desse texto podemos depreender duas coisas muito importantes.
A primeira delas é que existem cristãos que se adaptam de tal forma aos valores e normas do mundo, que acabam sendo aceitos e até mesmo elogiados pela sociedade. É notável o crescimento de cristãos que priorizam os valores seculares em sua conduta e arvoram a bandeira da graça para justificar suas ações. No entanto, essa postura amoldada ao mundo "barateia" algo que custou muito caro para Jesus Cristo. E essa é a razão pela qual esses cristãos são tão bem-vindos pela sociedade hodierna, já que seus princípios e valores se alinham aos valores mundanos.
É alarmante ver que hoje em dia, muitas pessoas que antes eram baluartes do Evangelho, acabaram cedendo às pressões do mundo e mudando sua postura. Elas ainda se identificam como cristãs, porém alegam ter encontrado uma "nova compreensão" da graça. Mas na verdade, essa "nova compreensão" é uma adaptação dos valores e princípios cristãos aos valores e normas mundanas. Essas estrelas gospel são seguidos e admirados por muitos, e suas mensagens e produtos são amplamente disseminados, levando a diluição do vinho da mensagem transformadora do Evangelho nas águas turvas dos valores e princípios do sistema mundano dominante na sociedade.
A segunda coisa que podemos depreender do texto de João 15 é que aqueles cristãos que permanecem fiéis serão excluídos e perseguidos não apenas pelos do mundo, mas principalmente por aqueles “cristãos” que transigem com os valores seculares. E acontece exatamente o que disso o apóstolo Pedro.
Acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós. (1ª Pedro 4:4)
A perseguição por parte de outros cristãos pode ser especialmente difícil de suportar, pois quando somos perseguidos por aqueles que se identificam como nossos irmãos, isso pode nos fazer questionar nossa própria fé e nos fazer sentir isolados no meio da igreja. Por isso, quando somos perseguidos por nossos irmãos, que foram alimentados com a mesma palavra e deveriam ter os mesmos valores que nós, a dor é bem maior.
Apesar disso, como disse antes, Jesus nos chamou para sermos diferentes. E é justamente essa diferença que nos faz agir de forma diversa daqueles que estão sob o domínio do mundo. Se fôssemos do mundo, odiaríamos aqueles que nos perseguem. Mas, porque somos novas criaturas em Cristo, devemos amar e perdoar aqueles que nos perseguem.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. (Mateus 5:44)
Portanto, ainda que nos persigam e engendrem planos para nos difamar ou derrubar, oramos por eles, pois os amamos. E é justamente porque os amamos que repreendemos aqueles que identificando-se como cristãos, andam dissolutamente. É o amor a eles que nos motiva a denunciar suas práticas, para que confrontados com o seu pecado, arrependam-se e voltem ao caminho.
Dessa forma, devemos seguir Jesus e não nos conformar com os valores e normas deste mundo, mesmo quando somos perseguidos por aqueles que se identificam como cristãos. Devemos orar e perdoar nossos perseguidores, pois é assim que vivemos verdadeiramente como cristãos. Jesus conta conosco para sermos sua voz nesta geração e cumprirmos nossa missão, mesmo diante da oposição tanto externa quanto interna. Não devemos desistir diante das dificuldades, mas sim perseverar e continuar cumprindo nossa missão como seguidores de Jesus.
Ricardo Castro
Pastor da Igreja Bíbilca Vida Eterna (IBVE)



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