ENTRE O CAOS E A FÉ | Pr. Ricardo Castro






É inegável que estamos enfrentando uma dura crise. E essa crise abrange a sociedade em nível social, moral, político, ético e religioso. A violência permeia nossos dias e a corrupção em geral chegou a níveis desastrosos. No campo da política, que deveria ser um dos braços da solução do quadro atual, as coisas vão de mal a pior. Cada um trabalha para o seu próprio bem, e as massas que tenha Deus por elas.

Entretanto, a despeito da crise que enfrentamos, o pior de tudo nesses dias conturbados é o bombardeamento de mensagens negativas a que somos submetidos. Ao ligar a TV, tem-se a impressão de que jorrará sangue dela. Nas plataformas de compartilhamento e nas redes sociais, a quantidade de informações sobre catástrofes, violência, corrupção e escândalos religiosos é tão grande que enfraquece até o mais centrado dos homens. E o pior é que, com o advento das chamadas “Fakes News”, hoje não temos certeza se essas informações são verdadeiras. E até as fontes que antes eram confiáveis, hoje se mostram vendidas ao sistema.

Diante deste cenário preocupante, a depressão e a ansiedade emergem como males que afetam a humanidade. Com o aumento constante da negatividade, qual seria o desfecho dessa situação? E, mais importante, onde podemos encontrar uma solução?

Bom, aí entra o Evangelho, que é uma mensagem de vida e esperança. Como seu nome já diz, o Evangelho é uma boa nova, uma boa notícia, positividade. A mensagem do Evangelho cabe perfeitamente nesses dias tenebrosos.

Mas, com tristeza, pergunto: Onde estão os mensageiros do Evangelho? E com grande pesar, respondo: Se tornaram mensageiros do caos.

Com lágrimas nos olhos, tenho visto cristãos encherem os aplicativos de mensagens com postagens de cunho político. E pior, muitos tem demonizado aqueles que não fazem parte de seu polo político. Dessa forma, me questiono se Jesus morreu apenas por aqueles que fazem parte de certo espectro político.

Infelizmente nesses últimos anos, vi muitos cristãos perderem amizades de longos anos, familiares deixarem de se falar, pastores ameaçarem de disciplina quem não concorda politicamente com ele. E a mensagem do Evangelho? Parece que ficou sufocada pela urgência política.

Não podemos esquecer que o apóstolo Paulo disse que devemos pregar a palavra a tempo e fora de tempo (2ª Timóteo 4.2). Mas, tristemente, os cristãos têm preferidos tornarem-se mensageiros do caos a pregar a Palavra.

Diante do exposto, devemos nos questionar: Estamos servindo ao caos ou a Cristo?

Com certeza, algumas das pessoas que me leem poderão objetar que um cristão não pode ficar alheio aos acontecimentos mundiais. E eu concordo plenamente. Entretanto, uma coisa é o cristão ser consciente dos acontecimentos de sua era, outra coisa bem diferente é ele tornar-se um mensageiro do caos, disseminando mensagens negativas que apenas somam mais desespero à alma daqueles que já estão desesperados. E com essa atitude, esses cristãos olvidam de sua missão que é pregar o Evangelho a toda criatura (Marcos 16.15), fazendo a diferença em nossa geração. Mas, levando a mensagem do caos, esses cristãos apenas engrossam a fila dos propagadores da negatividade, gerando o medo e a incerteza em almas já sobrecarregadas.

Há poucos dias conversei com um cristão que antes era extremamente ativo tanto em sua igreja local quanto na propagação do Evangelho em geral. Mas hoje posta todos os dias vídeos e imagens sobre o cenário político atual, demonizando todos os que fazem parte do polo contrário ao seu conceito político. Ao adverti-lo de sua postura errática, ele irou-se e bloqueou-me de suas redes sociais. Isso é um reflexo de como os crentes esqueceram de sua identidade como servos de Deus.

Mas, muitos dos que se tornaram mensageiros do caos ignoram que é de interesse de alguns que tais mensagens negativas sejam disseminadas. Isso porque, para essa classe de pessoas mal-intencionadas, quanto pior melhor, para que eles possam auferir ganho trazendo supostas soluções para o caos que os incautos disseminam.

Dessa forma, é tempo de rompermos com esse tipo de postura e retornarmos à nossa missão de sermos embaixadores do Reino e propagadores do Evangelho, cumprindo o papel importantíssimo de apresentar um contraponto a sociedade, mostrando que há esperança em Cristo, e que Jesus é a resposta à essa crise que enfrentamos.

Não nos deixemos ser manipulados por uma pequena parcela de homens que tem interesses escusos com a disseminação do caos, que lhes proporcionará ganhos que lhes encherão os bolsos gulosos. Que sejamos instrumentos de Deus para a propagação da mensagem do Evangelho.

Tenho pensado no que cristãos mensageiros do caos esperam colher com suas mensagens negativas. Certamente não colherão uma revolução social ou qualquer coisa boa. Antes, sua colheita será de ódio, discórdia, desespero, depressão, crise espiritual e o abandono à busca pelo Salvador. Afinal, a quem esses “cristãos” estão servindo? O que eles apresentarão ao Senhor no dia da prestação de contas?

Que tenhamos uma postura diferente e sejamos a voz profética dessa geração que ao passo que denuncia o pecado que carcome a alma dos homens, apontam o Salvador, que morreu pelas vidas que estão em ambos os polos dos espectros políticos brasileiros. Que retornemos ao Evangelho.

Ricardo Castro
Pastor, músico, escritor e Teólogo.


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