A IGREJA INDESTRUTÍVEL | PR. RICARDO CASTRO

 


A IGREJA INDESTRUTÍVEL

Mateus 16:13-19

13 Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?

14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.

15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?

16 Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.

18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.

 

Vivemos em tempos em que as pessoas querem minimizar a importância da Igreja. Há pouco tempo vimos a fileira dos denominados “Desigrejados” engrossar expressivamente. Essa nova forma de “cristianismo” nada mais é do que pessoas que se decepcionaram com um pastor ou uma denominação e, temendo deixar o evangelho de vez, decidiram viver o cristianismo à sua maneira, afastados da igreja. Por esse motivo foram chamados de Desigrejados, ainda que alguns deles prefiram ser chamados de “destemplados”. Mas, esses neologismos culminam numa mesma coisa: pessoas que não querem mais freqüentar igrejas por acharem que ela não tem mais relevância. E para fundamentar sua cosmovisão, eles aventam as mais esdrúxulas teorias, algumas delas com suposta base bíblica.

Mas, não podemos negar a grande verdade de que a porta de saída das igrejas cristãs está muito mais ampla do que a porta de entrada. Se formos fazer uma pesquisa quanto a quantidade de pessoas que se dizem ex-frenquentadores de igreja, ficaremos alarmados.

Por isso, de certa forma, a atitude de deixar a igreja é compreensível, ainda que não seja justificada. Isso porque realmente algumas lideranças bem como muitas igrejas tem perdido o foco que era a sua marca desde que os apóstolos começaram a pregar o Evangelho. Muitas desses lideres e denominações se tornaram verdadeiros servos de Mamon.

Diante do exposto, devemos perguntar se esses “Desigrejados” estão com a razão. Será que a igreja não é mais relevante? Será que todas as igrejas perderam o seu foco e que, por isso, é melhor servir a Deus da maneira como bem entendemos, à parte da igreja?

A motivação para escrever este texto foi a de avaliar o que a Bíblia diz a este respeito.

Antes de tudo, temos que buscar em Jesus, que é nosso exemplo máximo, o que ele acha da igreja. Qual era a atitude de Jesus para com o local reservado para o culto a Deus?

É lógico que nos tempos em que Jesus andava por aqui, ainda não existia a igreja como organismo, como nós conhecemos. Entretanto, haviam locais reservados para o culto a Deus: O templo e as sinagogas. E Jesus dava total importância a ambos. Quando lemos os quatro Evangelhos, percebemos que Jesus estava todos os sábados na sinagoga. Certa vez até lhe deram o rolo do livro de Isaías, para que fizesse a leitura oficial daquele culto (Lucas 4:17-19). E quando pôde, foi sem demora ao templo. E Ele amava tanto aquele lugar que expulsou de lá os vendilhões que comerciavam em suas dependências. E foi nessa oportunidade que disse que o templo era “a casa de meu Pai” (João 2:16).

Em outro momento, Jesus profetizou: “Edificarei a minha igreja”, profetizando a fundação da igreja como nós a conhecemos.

Por tudo isso, podemos ver que Jesus dava total importância a igreja, zelava por ela e a amava. E isso é muito diferente do que dizem os proponentes dessa nova cosmovisão cristã, que alega que querem Cristo (o cabeça) mas desprezam a igreja (o corpo). Isso é inadmissível.

Esses novos mestres valorizam o sacerdócio universal dos crentes de tal forma que essa doutrina bíblica perde o seu foco. É bem verdade que, depois da Morte de Jesus, cada cristão é um sacerdote, pois não há mais separação entre o homem e Deus, fato representado pelo véu do Templo ter se rasgado de alto a baixo (Mateus 27:51). E essa doutrina foi amplamente pregada pelos reformadores do século XVI. Mas, o sacerdócio universal dos cristãos não anula a importância da igreja, pois como já vimos, Jesus mesmo deu extrema importância a ela.

E a porção das Escrituras que abre esse texto nos mostram coisas maravilhosas a este respeito. Aqui elencarei, dentre elas, três coisas importantes para que tenhamos a dimensão da importância da igreja.

Verso 18: Edificarei a minha igreja.

Em primeiro lugar, temos que entender que a Igreja pertence ao Senhor Jesus Cristo. E quando Jesus disse “Pedro, sobre esta pedra...”, Ele estava fazendo um trocadilho entre a palavra Petrus (Pedro, pedrinha) e Petra (rocha firme).

Verso 18: Também eu te digo que tu és PEDRO, e sobre esta PEDRA edificarei a minha igreja.

Com isso, Jesus estava brincando com a instabilidade de Pedro, em contraste com a firmeza da revelação de que Jesus é o Filho de Deus. Com isso Ele estava dizendo que a igreja não poderia ter um fundamento tão instável quanto um homem. É por esse motivo que os católicos estão tremendamente equivocados quando dizem que a igreja esta firmada em Pedro.

Jesus diz que a igreja está fundada sobre a revelação de que Ele é o filho de Deus. A igreja está fundamentada no próprio Jesus, a Rocha Firme e Inabalável.

Além disso, Jesus disse “minha igreja”, logo, a Igreja é dele. E essa verdade choca-se com algumas lideranças que arrogam para si a autoridade de “donos da igreja”. E isso fazem, geralmente, não com palavras, mas com atitudes. Infelizmente muitas igrejas seguem a visão de seus líderes em detrimento da Palavra de Deus. Algumas delas, descaradamente colocam seus nomes nas fachadas das igrejas, quando não colocam orgulhosamente suas fotos. Mas, o fato de ter o nome do líder ou sua foto na fachada da igreja seria algo de pouca monta, se em muitos casos a Bíblia não estivesse sendo menosprezada em favor das revelações e interpretações particulares de seus líderes. E, apesar de ainda se identificarem como uma igreja cristã e citarem (fora de contexto) alguns trechos da Bíblia, essas igrejas estão totalmente divorciadas de seu Dono, o Senhor Jesus.

Foi por causa desse tipo de igreja que Jesus disse as palavras abaixo:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. (Mateus 7:21-23).

Segundo essas palavras, muitos chamam Jesus de Senhor, mas não o reconhecem como tal. E da mesma forma, é possível até profetizar, expulsar demônios e fazer milagres sem ser por meio de Jesus Cristo, pois Ele não os conhece.

Mas, Jesus é o Senhor e Dono da Sua igreja.

Em segundo lugar, Jesus deixa claro que sempre existirão inimigos da igreja. Esses inimigos, sejam humanos ou espirituais, sempre tentarão impedir a igreja de progredir. 

Foi por isso que Jesus falou das “portas do inferno”. Porta é um elemento limitador. Quando a fechamos, impedimos que pessoas indesejadas passem por elas. E podemos ver claramente essa verdade nas leis e medidas proibitivas que sorrateiramente alguns políticos querem implementar com o objetivo de limitar a igreja. De outra forma, algumas pessoas mal intencionadas fazem de tudo para que coisas que vão de encontro à Bíblia sejam legalizadas como o aborto e o uso das drogas.

Mas, observemos que Jesus usa o termo “portas”, no plural. Isso mostra que sempre surgirão diversos empecilhos para impedir o progresso da igreja, sejam eles espirituais, ministeriais, financeiros, políticos e etc.

Mas o pior dos empecilhos é o enfraquecimento da igreja. E esse empecilho é implementado de forma muito sagaz,  porque o ataque não vem de fora, mas de dentro. E é por isso que essa ofensiva é mais dificil de si perceber a priori.

Infelizmente a realidade que experimentamos é que as igrejas estão pontilhadas de falsos mestres ensinando heresias encobertas, que tem o poder de desencaminhar ou mesmo destruir a fé dos cristãos. Por outro lado, pululam em nosso meio inúmeros escândalos tenebrosos, envolvendo pessoas que tem relevância. E isso, além de ser causa do escárnio dos ímpios, afasta os que estão buscando salvação. Dessa forma, podemos ver que muitos se tem feito inimigos da Cruz de Cristo.

Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam. Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. (Filipenses 3:17,18)

Somado a tudo isso, ainda temos o discipulado mal aplicado ou a falta total dele, que gera crentes superficiais e que, como fruto, produzem as “guerrinhas internas” que enfraquecem o Corpo de Cristo.

Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.  (Mateus 12:25)

Devemos entender que nossa luta não é contra nossos irmãos. Nem mesmo é contra os ímpios, apesar deles nos odiarem. Segundo as Escrituras, nossa luta é contra os inimigos espirituais, que querem nos destruir. (Efésios 6:12).

Diante de tudo isso, entendo que até a volta do Senhor Jesus, existirão inimigos da igreja, que estarão fazendo de tudo para impedir o seu progresso ou mesmo para destruí-la completamente. Entretanto, a história não acaba aí.

Se focarmos apenas nos inimigos e nas dificuldades, entraremos em desespero. Mas Jesus disse que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Verso 18),  e isso é um grande alento, bem como um incentivo para nós.

A igreja permanecerá de pé e as portas do inferno não prevalecerão contra ela porque o seu Dono é Jesus. Ele morreu em seu favor (Efésios 5:25).

As portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja porque ela não está firmada sobre homens instáveis. Ela está firmada sobre a Rocha firme que é Jesus. E, por causa disso, podem tentar de todo jeito destruí-la, mas ela está sob os auspícios do Rei dos reis.

E as portas do inferno não prevalecem contra a igreja porque, apesar de sermos uma comunidade de pecadores, a igreja está sendo edificada a cada dia pelo Senhor, terminando esta edificação no dia em que nos encontraremos com Ele e quando será consumado o casamento com a Sua Noiva.

Por fim, devo dizer que qualquer palavra que seja usada para descrever a beleza da igreja, é pífia. Mas devo dizer que a igreja é um oásis de beleza no meio do deserto causticante e podre do mundo. A igreja é como o Hospital de Jesus, que é o lugar onde feridas são curadas. E a igreja também é como um quartel general, onde nos preparemos para enfrentar os exércitos das trevas e onde recebemos ordens de nosso general. E é por todos esses motivos que a igreja nunca perdeu a relevância e todos os que se afastam dela estão correndo o grave perigo de perder-se, incluindo nesse número aqueles denominados de "Desigrejados".

Porém, devo advertir que não estou dizendo que "fora da igreja não há salvação". Longe disso. O que estou dizendo é que, já que o Senhor ama tanto a igreja a ponto de dar Sua vida por ela, e a está edificando todos os dias, não há justificativas para se afastar dela.

Que louvemos a Deus por Ele ter providenciado um local para que o adoremos, para que mantenhamos comunhão com os irmãos e onde encontramos instruções para viver.

Que possamos lutar por ela, pois ela está sob ataque constante tanto espiritual quanto humano. Mas, sobretudo, devemos ter a certeza de que ela é indestrutível, pois pertence ao Senhor Jesus.

Pastor Ricardo Castro

Igreja Bíblica Vida Eterna (IBVE)

Comentários

Postagens mais visitadas