SEXO ANTES DO CASAMENTO, PODE? | PR. RICARDO CASTRO

 

SEXO ANTES DO CASAMENTO, PODE?

Depois de criar o homem, Deus viu que não era bom que ele estivesse só. E assim, o Senhor criou a mulher. Isso mostra que Deus não quer que vivamos isolados mas, pelo contrário, nos criou com o desejo latente de dividir as cargas e crescer em comunhão com uma pessoa amada. E neste contexto, o sexo foi dado pelo Criador não apenas para que o casal procriasse, mas também como a expressão de carinho e amor, além de uma fonte de regozijo e prazer. Assim, podemos ter a certeza de que o sexo foi criado por Deus. Todavia, o diabo tratou de distorcê-lo, fazendo com que as pessoas o supervalorizassem, distorcendo-o e banalizando-o.

No desenrolar da história mundial, houve uma alarmante distorção do sexo, chegando ao absurdo que causou a destruição de Sodoma e Gomorra.

Mas, falando do nosso tempo, as mudanças nos padrões culturais culminaram na chamada revolução sexual dos anos 1960 e 1970. Essa foi uma revolução que não se iniciou em um único país, mas os EUA, Alemanha e França estavam na sua linha de frente. E tudo isso culminou na liberdade (leia-se libertinagem) que permeou os anos 1980. E desde então, palavras como Castidade e Pureza caíram em desuso, e as pessoas que as prezam são tidas como retrógradas e antiquadas, além de serem rechaçadas dos grupos sociais, recebendo a alcunha de extremistas.

E então chegamos aos nossos dias, em que as pessoas não tem mais pudor e nem critério no que tange ao quesito sexualidade. A busca pelo prazer se tornou a meta da vida de muita gente. Inclusive, alguns intelectuais chegam a dizer que tudo neste mundo gira em torno do sexo.

Mas, como os cristãos encaram isso tudo? E o que a Bíblia fala a este respeito?

Dividi e o tema nas duas questões acima porque, infelizmente, o que os cristãos hoje pensam e o que a Bíblia diz tornaram-se coisas díspares.

Em primeiro lugar, da mesma forma que o mundanismo infiltrou-se paulatinamente nas fileiras cristãs, também o conceito a respeito do sexo pré-casamento foi tomando contornos diversos. E progrediu até chegar ao ponto atual, em que muitos cristãos tem vivido de forma devassa sem achar que isso seja pecado. E o mais intrigante é que muitos pastores tem endossado essa atitude. Certo dia vi, estarrecido, um pastor famoso dizer em um PodCast que desde que o casal se ame, Deus não é contra o relacionamento sexual antes do casamento. Vi outro pastor dizer que a cerimônia do casamento é uma invenção da idade média e que Deus nunca a aprovou.

Mas, se queremos realmente agradar a Deus, devemos buscar entender o que a Bíblia Sagrada fala a este respeito. E essa busca é o objetivo destas linhas.

Antes de tudo, devemos entender o que significa a palavra “prostituição”, que vemos em tantos lugares no Novo Testamento.

Hoje em dia, entendemos a prostituição como o ato de vender o corpo para uma conjunção carnal. Mas, quando a Bíblia emprega esta palavra, está fazendo uso de um conceito muito mais amplo. No grego koiné, que é a língua do Novo Testamento, prostituição é a tradução da palavra “porneia”, que engloba todos os tipos de comportamentos sexuais que são contrários ao ensino das Escrituras. Para nós, ocidentais, não há uma palavra que possa aglutinar todas as formas de comportamento sexual ilícito. Mas na língua grega existe a palavra “porneia”. Dessa forma, todas as vezes que a Bíblia usa a palavra “prostituição”, está se referindo a todas as formas de sexo ilícito.

Estabelecido isso, temos que ver como a Bíblia encara o casamento, já que muitos hoje o tem como uma “instituição falida” ou uma invenção da igreja.

A Cerimônia, como é realizada hoje, é uma mescla de costumes de muitas culturas espalhadas pelo mundo, mas foi, principalmente, influenciada pela cultura romana e fortemente estabelecida na idade média. Contudo, quando Deus disse "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne." Gênesis 2:24 (ARA), Ele estava estabelecendo a instituição do casamento. Notemos que foi instituído um limite entre o casal, não podendo ter qualquer relacionamento fora dele.

É comum quando falamos a respeito dos limites do casamento, que as pessoas lembrem das concubinas que muitos personagens bíblicos tiveram, bem como das famosas trezentas princesas e setecentas concubinas de Salomão. Mas, em lugar algum das Escrituras Deus permitiu a poligamia. Pelo contrário, até para o rei era permitido somente uma esposa.

"Também não multiplicará para si mulheres, para que o seu coração não se desvie." Deuteronômio 17:17a (ARA).

Dessa forma, entendemos que todos os personagens bíblicos que tiveram mais de uma esposa estavam apenas seguindo o fluxo da cultura que os cercava, não tendo qualquer aprovação do Criador.

E por todo o Velho Testamento, podemos ver diversas celebrações de casamento, as quais evoluíram à medida que o entendimento humano progrediu.

E no Novo Testamento, vemos que José desposou (ficou noivo) de Maria e permaneceram puros até seu enlace matrimonial. Inclusive, quando José soube que Maria estava grávida, quis deixá-la, pois ambos deveriam permanecer castos até o casamento.

E para ratificar a cerimônia de casamento, Vemos no Evangelho de João, capítulo 2, que Jesus, sua família e seus discípulos participaram de uma cerimônia de casamento em Caná da Galiléia.

Isso tudo nos mostra que o casamento é uma instituição sagrada e é inviolável, já que o Mestre disse que a única opção para o divórcio seriam as “relações sexuais ilícitas” (Traição).

Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério. Mateus 5:32 (ARA).

Diante disso tudo, já podemos vislumbrar os limites do sexo apenas dentro do casamento. E esse fato é tão importante que o escritor da epístola aos Hebreus diz que tanto o matrimônio quanto o ato sexual deveriam ser reverenciados (Hebreus 13:4). Se houvesse qualquer possibilidade de sexo antes do casamento ou fora dele, as palavras do autor seriam bem diferentes.

Na minha caminhada como cristão, tenho visto como os homens podem dar novas conotações às palavras de Deus para que elas se encaixem ao seu estilo de vida. Por exemplo, já vi muitos cristãos dizerem que não praticam sexo com suas namoradas(os), mas que “brincam” um pouco com elas. Todavia, esses cristãos “espertinhos” não podem esquecer que na lista das obras da carne de Gálatas 5:19-21 está incluída a lascívia.

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. (Versão ACF).

A palavra grega que nossas bíblias traduzem como Lascívia é "aselgeia", e expressa a noção de um comportamento indecente, bem como uma insinuação sexual sem que o ato seja praticado. Dessa forma, para os “moderninhos” que acham que estão dentro da vontade de Deus por não praticarem o ato em si, mas “brincarem” com sua namorada ou namorado, digo que vocês estão caindo no pecado sorrateiro do auto engano, que conseqüentemente conduz à condenação.

Ademais, o Senhor Jesus advertiu que mesmo um olhar impuro, já incorre em pecado, quanto mais a prática da lascívia? (Mateus 5:37). E corroborando com isso, o Apóstolo Paulo advertiu que os cristãos nem mesmo devem falar a respeito dessas coisas (Efésios 5:3).

Vi também muitas pessoas tentarem justificar sua prática sexual pré-casamento, transferindo o foco para outros, quando dizem que existem muitos outros pecados que são praticados pelos cristãos e que merece a mesma atenção.

Mas, não podemos esquecer que a Bíblia nos adverte que o pecado sexual é, antes de tudo, contra o corpo, que é o templo do Espírito Santo.

Fugi da fornicação (Sexo antes do casamento). Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. 1ª Coríntios 6:18-20 (ACF. Acréscimo do autor).

Logo, o pecado sexual é contra o templo do Espírito Santo e por isso, merece uma maior atenção, sem deixar de vigiar quanto as demais formas de pecado.

Outrossim, a vontade de Deus é que nos santifiquemos, não apenas na alma e no espírito, mas também no corpo.

Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição (Porneia); que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus.  1ª Tessalonicenses 4:3-5 (ARA, acréscimo do autor).

Segundo o conselho do Apóstolo, cada um deve saber lidar com seu próprio corpo em santificação. E, complementando esse pensamento, ele ainda diz que os cristãos devem procurar se casar, para que, só então, possam desfrutar do sexo (1ª Coríntios 7:2).

Para arrematar, o Apóstolo ainda diz que, dentre outros pecados, o pecado sexual é alvo da ira de Deus.

Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. Colossenses 3:5-7.

Ora, se a ira de Deus está sobre os fornicadores (os que praticam o sexo pré-casamento), é lógico pensar que eles estão totalmente afastados da vontade de Deus, ainda que pratiquem o dízimo, tenham cargos na igreja e militem entre os cristãos. Nenhuma dessas atividades tem o poder de anistiar ou mesmo amenizar a condenação da prática do pecado. E esse é, infelizmente, o pensamento de muitos. Eles acham que o ativismo dentro da igreja justifica  suas práticas condenáveis. Mas, se queremos ser verdadeiramente cristãos, temos que anuir ao que a Bíblia diz, e ela condena veementemente a prática do sexo antes do casamento e fora dele.

Contudo, não poderia concluir este texto sem falar a respeito das conseqüências emocionais da lascívia e da fornicação.

Em minha experiência pastoral, vi muitas pessoas que eram cristãos prolíferos tornarem-se inativos. E vi também muitos outros afastarem-se totalmente do cristianismo por causa da prática do sexo ilícito.

E a grande verdade é que relações sexuais fora do casamento podem causar feridas emocionais profundas. Vi muitos relacionamentos que eram bênção se transformarem em relacionamentos viciados, em que o sexo pré-casamento é o fator primordial.

É bem verdade que as conseqüências emocionais dessa prática variam de pessoa para pessoa, mas em geral, o sentimento de culpa avoluma-se dia a dia. E isso acarreta um alto nível de estresse, bem como crises de ansiedade. Muitos que se envolvem com a fornicação, desenvolvem uma baixa estima, pois  sabem que estão em conflito com os valores cristãos. Alguns, por causa disso, chegam a se isolar para não ter que encarar seus irmãos em Cristo. A vergonha lhes consome.

Somado a tudo isso, ainda surgem complicações quando um dos parceiros decide romper com esse ciclo do pecado, e seu namorado(a) passa a fazer chantagens emocionais para que não fique sozinho(a) em seu pecado. Em alguns casos, existem aqueles que usam da tática sórdida de ameaçar expor a situação para a comunidade em que estão inseridos. Por causa disso, existem muitos que permanecem em um relacionamento doentio e vicioso que está firmado apenas na atividade pecaminosa, onde não existe mais o amor. O respeito que antes existia é substituído pela desconfiança, pela pilheria e pelo sentimento de sujidade e podridão.

E a verdade é que quando uma relação chega ao nível do sexo pré-casamento, geralmente o relacionamento chega ao fim por meio de uma ruptura muito dolorosa, que acaba prejudicando nos relacionamentos futuros, pois teme-se que o mesmo aconteça novamente.

Além de tudo isso, os fornicadores empregam muitas mentiras, desculpas e disfarces para encobrir seu relacionamento ilícito.
E dessa forma, passa-se a viver à margem do que é realmente ser um cristão. Além de que amargam viver uma vida dupla que não satisfaz plenamente. E somado ao desagrado de Deus, que é a pior das conseqüências sofridas,  os poucos momentos de prazer ilícito não valem a pena.

Mas, para os que caíram neste pecado, digo, sem embargo, que nada está perdido. Nosso Deus é rico em Misericórdia, que se renovam a cada manhã. (Efésios 2:4; Lamentações 3:22,23). E todas as vezes que confessarmos a Deus os nossos pecados, temos um Advogado fiel que julga a nossas causas. E assim, temos a garantia do perdão para os nossos delitos (1ª João 2:1).

Mas não posso me furtar de dizer que a disciplina exercida pela igreja tem um papel preponderante para os que cederam ao pecado. Isso porque a disciplina é um momento preventivo (para que não se cometa novamente) tanto quanto curativo e restaurador, pois é um momento de refletir a respeito do erro cometido e arrepender-se dele. E isso é importantíssimo para os que estão emocional e espiritualmente abalados pela prática do pecado. Por isso, indico que se você caiu neste erro, procure seu pastor. Os benefícios disso ultrapassará em muito às suas expectativas.

E o Apóstolo adverte a igreja que os tais, ainda que passem pela disciplina, sejam tratados com amabilidade.

Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Gálatas 6:1,2 (ACF)

Entretanto, o melhor a se fazer é permanecer em castidade. E para isso, nada melhor do que empregar todos os esforços para manter a comunhão com Deus em dia, fortalecendo-se diariamente com oração e leitura das Escrituras. Sem falar que, a comunhão e o apoio dos irmãos da igreja é outro dos fatores que ajudam muito a permanecer em santidade. 

Para concluir, é bem certo que a cultura atual preza a libertinagem e que a busca pelo prazer é o foco da vida de muita gente. Com isso em mente, a sociedade atual tem tentado erotizar os jovens de uma maneira avassaladora, supervalorizando o sexo. E o resultado é uma geração de jovens devassos e que valorizam tudo o que traz o prazer e a luxúria. E tudo isso acaba incidindo na igreja que, infelizmente, são a cada dia mais influenciados pela cultura mundana. E, por seu turno, alguns pastores incentivam essa prática, ou fazem “vista grossa” para os membros da igreja que estão incorrendo neste pecado hediondo. Mas o dia da prestação de contas está chegando.

A castidade pode parecer um jugo pesado a se carregar, sobretudo, quando todos ao redor vivem de forma devassa e descuidada. Não posso dizer que seja fácil manter a castidade e permanecer puro até o dia do casamento. Realmente não é, pois somos bombardeados com mensagens erotizadas a todo o momento, e percebemos comportamentos erotizantes em muitas pessoas que querem nos influenciar. Mas toda a luta contra o pecado sexual será recompensado quando estivermos diante do Rei. Aí veremos como todo o esforço em prol da santidade valeu a pena.

Que as palavras do escritor da epístola aos Hebreus nos inspire:

Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. Hebreus 12:4.

Pastor Ricardo Castro
Igreja Bíblica Vida Eterna (IBVE)

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