UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS | Pr. Ricardo Castro

 

UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, 

Efésios 5:18

O consumo de bebidas alcoólicas é um assunto amplamente debatido em nossos dias, pois envolve questões de saúde, bem-estar e responsabilidade. A despeito disso, os comerciais veiculados pela TV apresentam pessoas bonitas e felizes fazendo uso deste produto, como se as bebidas alcoólicas fossem a solução de todos os problemas. Mas, seria mais justo se também fossem veiculadas informações a respeito dos desarranjos familiares, acidentes de carro, contendas, espancamentos, assassinatos e as outras diversas tragédias que o álcool proporciona.

Mas, sei que a apresentação dessas tragédias não traria a solução, pois as pessoas querem encontrar algum tipo de alívio para suas tensões, mesmo que seja por meio de algo tão nocivo. Portanto, tal exposição seria, de fato, um exercício de futilidade para aqueles que persistem em consumir essas bebidas, pois elas se tornnaram um aspecto comum na sociedade atual. As bebidas alcoólicas são onipresentes em quase todos os ajuntamentos humanos de hoje, desde eventos sociais a comemorações pessoais.

De certa forma, tudo isso é compreensível para aqueles que estão de fora da igreja, haja vista que suas vidas giram em torno da busca do prazer a todo custo. Mas, o que me deixa estarrecido é o número de cristãos que estão consumindo cada vez mais bebidas alcoólicas. Na verdade, só o fato de haver cristãos que bebem já me deixa perplexo. E o interessante é que muitos deles se utilizam de passagens bíblicas para tentar alicerçar essa atitude. Por esse motivo, é de importância vital que busquemos o que as Escrituras tem a dizer a respeito do consumo de bebidas alcoólicas, para que não se dê o caso de que estejamos recriminando algo que a Bíblia permite ou, de outra forma, estejamos consumindo algo que a Bíblia proíbe.

Entretanto, devo advertir ao amado leitor que meu objetivo não é o de ditar regras baseadas em meus conceitos e valores, mas sim o de oferecer uma perspectiva embasada nas Escrituras Sagradas.

Existem diversas passagens bíblicas que relatam personagens consumindo bebidas alcoólicas em eventos sociais ou celebrações pessoais. Por exemplo, vemos que Noé consumiu vinho produzido com uvas plantadas por ele mesmo, logo após o dilúvio. E depois que conseguiu escapar da destruição de Sodoma e Gomorra, Ló também consumiu álcool. Sem falar que Salomão faz diversas referências ao vinho em seus escritos. E Jesus Cristo transformou água em vinho e o usou na última ceia. E, somado a todos esses exemplos, vemos que não existe qualquer mandamento direto do tipo “Não beberás” em nenhum lugar da Bíblia.

Diante do exposto, poderíamos concluir, como muitos fazem, que consumir bebidas alcoólicas não é errado.

Contudo, na maioria dos casos bíblicos em que o álcool está presente, sempre há alguma acontecimento negativo. No caso de Noé, por causa da embriaguês ele ficou nu e gerou o escárnio de seu filho Cam (Gênesis 9:22). E isso culminou em uma maldição proferida por Noé (Gênesis 9:24,25). Já no caso de Ló, foram suas filhas que lhe embebedaram para que pudessem ter uma relação incestuosa com ele.

E o que falar das citações que Salomão fez a respeito do vinho? Especificamente em Provérbios, o que ele tem a dizer sobre o vinho é que ele é escarnecedor (traz vergonha), leva à pobreza, conduz à imprudência e leva a perverter o direito. (Provérbios 20:1; 21:17; 23:19,21; 23:29-35; 31:4,5).

Por tudo o que vimos acima, já podemos perceber que nada de bom vem do consumo de bebidas alcoólicas.

Entretanto, os que defendem seu consumo dirão que Jesus também fez uso dele. Porém, devemos levar em  conta o contexto de seus dias. Em primeiro lugar, o teor alcoólico daqueles dias era bem menor do que o de hoje. Isso se dava por causa da fermentação, que era totalmente natural, e da  vinificação que envolvia um processo de produção bem diferente dos de hoje. A fermentação do vinho de hoje é totalmente controlada, o que interfere em seu teor etílico.

Mas, tenho certeza que os contradizentes persistirão no argumento de que não há uma ordem direta para não beber, e o que a Bíblia proíbe é apenas a embriaguez e não o consumo. Mas, já que as Escrituras tem um testemunho tão negativo a seu respeito, não vejo porque um cristão insista em consumi-las. E o fato da Bíblia apenas proibir a embriaguês era justamente porque o seu teor etílico era muito mais baixo do que o de hoje, como já expus, e para se embriagar, era necessário beber uma grande quantidade.

E para comprovar com o fato de que o consumo de álcool sempre foi algo nocivo, os apóstolos estipularam que entre os requisitos para ordenação de pastores e diáconos estava o de que eles não deveriam se dar ao vinho (1ª Timóteo 3:2,3,8; Tito 1:7). E isso já mostra que, para ser líder do povo de Deus, os homens devem estar de posse plena de suas faculdades mentais e emocionais. E dentre as obras da carne elencadas pelo apóstolo Paulo está o consumo de álcool (Gálatas 5:19-21). E o conselho em geral dos apóstolos para o caminhar cristão era de abstinência das bebidas alcoólicas (Tito 2:2,3; Romanos 13:13,14).

Mas além de todas essas verdades bíblicas, quero elencar alguns dos efeitos prejudiciais na saúde física e o comprometimento emocional. Sem falar da dependência que surge com o seu consumo prolongado.

Fisicamente falando, o consumo de álcool pode trazer problemas físicos de curto e longo prazo.

De curto prazo, surgem o efeito depressor, desidratação, náuseas e vômito. A longo prazo pode trazer problemas hepáticos, cardiovasculares, neurológicos, gastrointestinais e até câncer.

Todavia, o pior dos problemas que o consumo etílico traz é o espiritual. Com toda a certeza, este consumo tem um impacto profundo na vida espiritual dos cristãos. Isso porque nos propomos a viver de tal forma que glorifiquemos a Deus em tudo, até no que comemos e bebemos (1ª Coríntios 10:31). E quando se está sob o efeito do álcool, com as faculdades mentais e emocionais alteradas, é bem certo de que estejamos longe de cumprir essa proposta.

Outrossim, um cristão que bebe traz muito escândalo para o Reino de Deus, sobretudo no Brasil, em que os incrédulos tem a noção de que os cristãos protestantes têm uma conduta ilibada, livre do álcool e do tabaco.

Certa vez, um amigo que é garçom em um restaurante na área nobre de nossa cidade, atendeu um grupo de pastores locais, acompanhados de um pastor de renome nacional que estava de visita. Durante o jantar, todos beberam doses de um whisky muito caro.

Eles foram atendidos com todo respeito, mas, por traz das portas eles foram alvo de muita zombaria. E meu amigo, diante disso, não teve argumentos para defender os pastores. E o pior de tudo é que ele os ouviu dizer que dali iriam participar de um culto em que o renomado pastor seria o preletor.

Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos. (1ª Coríntios 10:32,33)

Esse é o conselho do apóstolo Paulo quando estivermos em uma situação em que nosso procedimento possa trazer escândalo para o Evangelho.

Corroborando com isso, Paulo também disse:

Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos. (1ª Coríntios 8:9)

Que grande contraste entre os pastores hodiernos que consomem bebidas alcoólicas e o esforço de Paulo para não trazer escândalos.

Não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado. (2ª Coríntios 6:3)

Além de tudo isso, as bebidas alcoólicas são uma porta aberta para os demônios. Nos rituais de magia, as bebidas alcoólicas estão sempre envolvidas. Percebamos que nos chamados “trabalhos espirituais”, quando eles dão oferendas às suas entidades, via de regra, as bebidas estão presentes. Como poderíamos achar que estamos agradando a Deus, quando estamos consumindo algo desse porte?

Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios.

1ª Coríntios 10:21 

Diante de todo o exposto até aqui e respondendo a pergunta que foi aventada no início desse texto, posso dizer com toda a certeza que consumo de bebidas alcoólicas não tem nada de positivo, e os poucos benefícios que possam ter, são suplantados pelas inúmeras tragédias que elas trazem.

As pessoas que fazem uso do álcool estão em busca de satisfação do prazer e de alívio imediato. E um cristão que bebe está simplesmente declarando que a presença do Espírito Santo em sua vida não é suficiente. Lembremo-nos do versículo que abre esse texto. Paulo faz o paralelo entre a embriaguês e o encher-se do Espírito. Isso por que o consumo de álcool gera, dentre outras coisas, o descontrole, causando muitos malefícios. Mas já o estar cheio do Espírito Santo faz com que sejamos controlados por Ele. E os benefícios disso são imensuráveis. Mas, infelizmente, muitas pessoas preferem buscar mais a embriaguês do que o estar cheio do Espírito.

Sei que muitos dos que lêem essas linhas dirão que estou sendo exagerado, pois existe a possibilidade de beber socialmente. Entretanto os especialistas dizem que, se alguém bebe, por exemplo, aos fins de semana, é um viciado parcial. Sem falar que, aqueles que começaram bebendo socialmente terminaram tendo seus fígados avariados e estão pagando um preço altíssimo.

Talvez outros se utilizem do texto de 1ª Timóteo 5:23, em que Paulo diz a Timóteo para tomar um pouco de vinho por causa de sua enfermidade estomacal. Outros falarão a respeito dos benefícios que o consumo moderado da cerveja pode trazer, como o benefício cardiovascular, a saúde óssea e a redução do risco de diabetes tipo 2. No entanto este argumento cai por terra quando descobrimos que outros produtos como chá verde, suco de uva integral, água com gás e limão, suco de tomate, leite de amêndoa ou de soja, geram os mesmos benefícios do consumo da cerveja, mas não trazem a vergonha, a dor e os vícios dela.

Ademais, a hipocrisia que permeia a defesa do consumo de bebidas alcoólicas é grande. Por exemplo, se alguém for parado em uma blitz e tiver consumido pelo menos 0,05 mg de álcool, receberá uma multa “generosa”, mas mesmo assim, muitos cristãos defendem que consumi-las não tem qualquer efeito sobre elas.

E o que dizer dos pastores que bebem? O que eles estão buscando com isso? Como eles podem encarar sua igreja e cobrar deles santidade e consagração? Os benefícios de um alívio imediato causado pelo álcool são totalmente suplantados pelos escândalos que esse produto gera.

Que ao invés de buscar alivio imediato por meio dessa bebida amarga, que busquemos nos encher do Espírito Santo. Com certeza os benefícios serão infinitamente maiores para nós e para todos os que nos cercam.

Pastor Ricardo Castro

Igreja Bíblica Vida Eterna (IBVE)


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