O PAPEL DO INFERNO NA REDENÇÃO




O PAPEL DO INFERNO NA REDENÇÃO


Mas que inferno!

Essa é uma expressão popular que usamos, mas não pensamos muito em suas implicações. Muitas pessoas hoje dizem que o inferno é aqui mesmo, isso por causa das muitas dificuldades que todos enfrentamos. Outros dizem simplesmente que o inferno não existe. Mas, será mesmo que o inferno é aqui? Será que o inferno realmente existe?

É certo que este tema é muito delicado, e que também muitas pessoas tem conceitos diferentes sobre ele. Mas não podemos negar que este assunto desperta a curiosidade e, de certa forma, fomenta a controvérsia.

Eu sempre tive esse assunto bem resolvido em minha vida e por isso, nunca vi a necessidade de falar a respeito dele. Mas soube recentemente que um integrante de uma das minhas bandas cristãs preferidas, postou em suas redes sociais um texto supostamente refutando a realidade do inferno. Isso não teria qualquer importância para mim, pois como diz um grande amigo, “quem tem boca fala o que quer”. Mas o músico que postou o texto é vocalista de uma das bandas cristãs mais famosas e influentes do mundo, e por isso, suas palavras tem certo peso. E para comprovar o que estou dizendo, também soube que muitos dos que comentaram na postagem concordaram com as palavras de seu autor.

Diante disso, decidi escrever algumas linhas sobre este tema. Mas, antes de prosseguir, devo dizer que a despeito da importância da doutrina da realidade do inferno, existem muitas pessoas, até mesmo cristãos, que não se preocupam com o tema. Alguns deles fazem isso por pura descrença. Ou seja, eles simplesmente não acreditam que o inferno existe, pois para eles a ideia do inferno foi inventada pela igreja medieval com o objetivo de amedrontar os incautos. Outros não se importam com essa doutrina por que tem medo do inferno, possivelmente influenciados pelas histórias de terror que ouviu. Ainda outros, não pensam no inferno por acreditarem que vão viver muito tempo e por isso não tem que pensar no assunto agora. Mas existem aqueles que não pensam nessa doutrina porque confiam que suas boas obras os livrará da condenação do inferno, então, pra que se preocupar com isso?

Mas a Bíblia fala claramente a respeito da realidade do inferno e da necessidade da salvação para livrar-nos de sua condenação. E, como cristãos que somos, é de importância vital que compartilhemos o que as Escrituras falam, para que os desavisados possam fugir das chamas do inferno.

Mas não pensemos que esse é um assunto fácil, apesar de podermos encontrar muitos textos bíblicos que falam sobre ele.

Ao longo da história, diferentes interpretações surgiram, influenciados pelos contextos culturais e teológicos de seus intérpretes. Por exemplo, existe a interpretação Aniquilacionista, que afirma que o inferno não existe por que os ímpios no fim serão aniquilados. Essa ideia se apóia em interpretações particulares de alguns versículos que dizem que os ímpios serão destruídos. Os aniquilacionistas dizem que a natureza justa de Deus se manifesta na eliminação daqueles que rejeitaram sua oferta de salvação. Assim, para eles, o inferno não existe como nós o concebemos. Na realidade, a aniquilação em si seria o inferno.

Por outro lado, existe a interpretação Universalista, que diz que devido ao grande amor de Deus, no fim todos serão salvos, independente do que fizeram em vida, pois Deus reconciliará todos consigo. Essa interpretação baseia-se nos versículos que ressaltam a amplitude da Graça de Deus e a eficácia do Sacrifício de Cristo na Cruz. Os universalistas argumentam que a misericórdia de Deus triunfa sobre o seu juízo. Dentre esses intérpretes está o músico cristão que citei acima.

Porém, existem aqueles que acreditam no inferno, mas não como uma realidade, e sim como uma metáfora. Isto é, para esses intérpretes, o inferno seria uma representação das consequências do pecado e da separação de Deus. E dessa forma, o inferno seria a consciência perturbada do pecador, sendo um estado interior de afastamento de Deus. Dentre esses intérpretes podemos citar William P. Young, o autor do livro “A Cabana”.

E por fim, existem aqueles que foram influenciados pela obra de Dante Alighieri, a “Divina Comédia”, que fala dos nove círculos do inferno onde os pecadores são punidos pelos demônios. E essa é a interpretação mais popular desde o século XIV, quando o livro de Alighieri foi publicado.

Por causa das diversas interpretações, meu objetivo nessas linhas é o de examinar biblicamente a realidade do inferno, bem como as suas descrições e sua importância. Além disso, discutiremos o significado da salvação como a oportunidade de escapar das chamas do inferno, destacando a responsabilidade e a urgência que esse conceito implica para todos. E através dessa caminhada bíblica, aprofundaremos nosso conhecimento dessa doutrina e nos precaveremos para que não sejamos enganados.

Segundo as Escrituras, o inferno é um lugar real, ainda que seja espiritual e por isso, não pode ser mensurado geograficamente. É um lugar de punição e separação de Deus para aqueles que rejeitam a Sua graça e se entregam ao mal.

A Bíblia usa diversos termos para designar o inferno, como lago de fogo, trevas exteriores e fogo inextinguível. E todos esses termos mostram que o inferno é um lugar de tormento.

Entretanto, uma das coisas que a Bíblia revela é que o inferno originalmente foi criado para o diabo e seus anjos.


Mateus 25:41: Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.


Dessa forma podemos entender que o inferno é o lugar onde o diabo e os anjos caídos receberão a sua punição devido a sua rebelião para com Deus. E não podemos pensar que o inferno é o local onde o diabo pune as pessoas que para lá vão, como quis ensinar Dante Aleghieri. Mas, pelo contrário, é o local onde ele mesmo será punido.

Mas, e por que a Bíblia diz que as pessoas também serão punidas neste lugar? (Mateus 25:43; Apocalipse 20:15).

A resposta a esta pergunta é muito simples. Assim como o diabo e seus anjos se rebelaram contra Deus e estão condenados ao inferno, aqueles que vivem em pecado e rejeitam a Graça, também se rebelam contra ele, e por isso, estão condenados a perdição. E dessa forma, cai por terra as teorias aniquilacionista e universalista.


João 3:18: Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.


Em Romanos 6:23 vemos que a condenação do pecado é a morte. Logo, quem vive deliberadamente em pecado está condenado.

Mas, existem também algumas pessoas que interpretam que a condenação no inferno é temporária. Isto é, a condenação no inferno é por tempo suficiente apenas para que os pecados sejam purgados. Mas a Bíblia deixa bem claro que a condenação do inferno é eterna.


Mateus 25:46: E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.


Marcos 9:47,48: E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.


Mas, alguns também argumentam que a realidade de um inferno literal irá de encontro ao caráter amoroso de Deus. Essas pessoas acreditam, como já citei, que o amor de Deus suplanta o juízo. Entretanto, elas se esquecem que Deus é amoroso ao passo que também é justo. Podemos ver isso claramente no fato de que por amor, o Pai exerceu Sua justiça em Jesus, quando Ele entregou sua vida como o preço pelos pecados dos homens. A justiça e o amor de Deus andam lado a lado. Nesse contexto, o inferno se apresenta como a expressão máxima da justiça do Deus amoroso.

Assim, o inferno é a consequência última para aqueles que teimam em rejeitar a Graça e deliberadamente decidem viver em oposição à Lei de Deus. Dessa forma, o inferno é um instrumento para Deus manter a justiça e garantir que o mal seja devidamente tratado.

Com certeza essa verdade é muito dura para a maioria das pessoas, e por isso elas preferem pensar que o inferno não existe. Entretanto, mesmo assim, não podemos fugir da consequência do afastamento de Deus. Portanto, o inferno não é apenas um castigo, mas uma advertência sobre as consequências do afastamento de Deus.

Diante disso tudo, surge a questão de que tipo de pessoa é condenada ao inferno, pois ao passo que existem pessoas que são extremamente más, sendo devassos, impuros, avarentos, idólatras, entregues à feitiçaria e ocultismo, homicidas, etc. (Efésios 5:5,6; Apocalipse 22:15), outros, ainda que sejam pecadores, não são tão maus assim. Então pode-se questionar se esses serão livres da condenação do inferno. É certo que não, pois a Bíblia diz que para ser salvo, é necessário que se receba Jesus como Salvador de suas almas e viva-se de forma compatível com esta salvação.


João 5:24: Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.


Em virtude do que foi exposto, podemos concluir que o inferno tem um papel importante no plano redentor de Deus pois, ao passo que Deus determinou que há punição para a rebelião contra Ele, também ofereceu o caminho para a redenção: Jesus.

A salvação em Jesus Cristo é a única maneira de evitar o inferno.

João 14:6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.


Atos 4:12: Não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos.


A assimilação e recepção do Sacrifício de Jesus nos dá a vida eterna e garante a paz com Deus (João 3:16; Romanos 5:1). Isso porque apenas em Jesus o ser humano alcança a vida eterna (João 6:47). Portanto, a oferta de Salvação em Jesus é a expressão máxima da Graça de Deus, proporcionando a oportunidade de escapar do destino eterno no inferno.

Para concluir, é bem verdade que a realidade do inferno pode parecer assustadora para muitas pessoas. Mas, como vimos, o inferno é a consequência da rebelião contra Deus, e a punição pelos pecados deliberados que os homens e os anjos cometeram. Mas, da mesma forma que Deus é Justiça, Ele também é amor, e por isso, nos oferece um meio de evitar essa condenação eterna por meio de Jesus Cristo.

Como vimos, a realidade da punição no inferno não entra em contradição com o caráter amoroso de Deus, que também é Justo. E a justiça de Deus não suplanta seu amor, pois ambos andam lado a lado.

Dessa forma, se você até hoje não parou para pensar sobre a realidade do inferno, ou está protelando essa meditação, ou até então não cria nesta doutrina, através dos textos apresentados aqui, é possível ver que o inferno é bem real e é o destino para aqueles que deliberadamente escolhem viver afastados de Deus.

Por isso, que não percamos um só momento para agarrar a oferta de Salvação em Cristo, assim como um náufrago agarra-se à bóia salva-vidas. Jesus está nos oferecendo hoje a Salvação para que escapemos das chamas do inferno. O que estamos esperando?

Pastor Ricardo Castro
Escritor, Músico e Doutor em Teologia







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