O MELHOR DE DEUS ESTÁ POR VIR?
Todos
querem ter as bênçãos do Senhor e sempre esperamos pelo melhor de Deus.
Existem, inclusive, músicas que falam sobre isso e incontáveis pregações,
estudos e congressos que abordam esse tema. Mas será que existem requisitos
para receber o melhor de Deus? Ou, pelo simples fato de desejarmos,
receberemos?
O
povo de Judá estava passando por um tempo como esse. Após setenta anos de
cativeiro na Babilônia, eles foram libertos pelo rei Ciro. Em 536 a.C., o
sacerdote Esdras volta da Babilônia com cerca de cinquenta mil judeus, restaura
o altar e recomeça os sacrifícios. Em 535 a.C., sob sua liderança, lançam os
alicerces do templo destruído. Eles estavam querendo o melhor de Deus. Mas, por
causa da oposição dos inimigos, da falta de chuva e de recursos, o povo
interrompeu a obra.
Em
520 a.C., quinze anos depois, a obra ainda estava paralisada. Nessa época, o governador era Zorobabel, filho de Salatiel
e o sacerdote era Josué, filho de Jozadaque. Então Deus levanta o profeta Ageu
para sacudir o povo.
Ageu
revela que haviam alguns obstáculos que estavam impedindo do povo receber ‘o
melhor de Deus’. O primeiro obstáculo era o egoísmo. O povo se acostumou a
oferecer sacrifícios apenas no altar, sem reconstruir o templo. Estavam mais
preocupados com suas próprias casas. Eles chegavam a usar uma linguagem
religiosa para justificar sua omissão, dizendo que não era tempo de restaurar a
casa de Deus.
Ageu
denuncia o egoísmo do povo, afirmando que tinham casas luxuosas enquanto a casa
de Deus permanecia em ruínas. Esse comportamento se repete hoje: queremos o
melhor de Deus, mas estamos mais preocupados com nossos negócios e prazeres do
que com as coisas de Deus. Invertemos a ordem de Mateus 6.33, buscando primeiro
'todas essas coisas' e, se sobrar tempo, o Reino de Deus.
Frequentemente,
a obra de Deus precisa de nossos recursos, talentos e tempo, mas dizemos: 'não
é tempo de reconstruir a casa do Senhor'. Não hesitamos em gastar horas com
entretenimento ou dinheiro com coisas supérfluas, mas nos incomodamos em
ofertar ou servir.
Porém
o Senhor, que tudo vê, adverte o seu povo a refletir sobre seu passado. Deus
lhes diz que apesar de trabalharem e conquistarem, nada lhes trazia satisfação
— colhiam pouco, bebiam sem saciar a sede, vestiam-se sem aquecer e perdiam o
que ganhavam (Ageu 1:6-9).
A
ordem de Deus foi: 'Subi ao monte e trazei madeira para a edificação da casa do
Senhor' (Ageu 1:8). Ou seja, é preciso empenho, esforço e zelo pelas coisas de
Deus. Quando deixarmos o egoísmo e nos dedicarmos à obra, as comportas do céu
se abrirão sobre nós.
O
segundo obstáculo era a desmotivação. Os recursos eram poucos, e o templo de
Zorobabel parecia insignificante diante da grandiosidade do templo de Salomão.
Ao verem os alicerces simples, muitos choraram (Ageu 2:3). Zorobabel e Josué
temeram que a obra parasse novamente, como havia ocorrido por quinze anos.
Essa
desmotivação se repete hoje de duas formas. A primeira está nas pessoas presas
à nostalgia: vivem da glória do passado e não conseguem seguir em frente. A
segunda forma é encontrada naqueles que desprezam pequenas igrejas por não
terem a estrutura das grandes. Essas pessoas poderiam servir ativamente, mas
preferem assistir passivamente ao culto nas megaigrejas, enterrando seus
talentos.
Todos
querem o melhor de Deus, mas desanimam quando as coisas não saem conforme suas
vontades. O profeta Ageu exorta o povo: 'Não temais, trabalhai, porque Eu sou
convosco' (Ageu 2:4). Mesmo que o templo parecesse simples, nele o Messias
andaria. O templo de Salomão era suntuoso, mas o de Zorobabel seria o templo da
presença de Cristo — e essa seria a verdadeira glória.
O
remédio para a desmotivação é não olhar as aparências, mas ver a Glória de Deus
naquilo que Ele faz.
O
terceiro e maior obstáculo era a falta de santidade. O povo estava oferecendo
sacrifícios impuros (Ageu 2:14). Queriam as bênçãos de Deus, mas não desejavam
viver segundo a Sua vontade.
Hoje,
muitos querem o melhor de Deus sem santidade, sem renúncia e sem compromisso.
Buscam conforto, prazeres e conveniências, mas o Reino de Deus exige entrega e
santificação. O Senhor é digno do nosso melhor. Não podemos oferecer o que
sobra, nem adorá-lo à nossa maneira.
O
remédio para a falta de santidade é levar a vida com Deus à sério. É
entregar-se totalmente à comunhão com Ele, dando-lhe sempre o melhor que temos.
Para
termos o melhor de Deus, é necessário deixar o egoísmo e buscar primeiro o
Reino e a justiça de Deus. Devemos abandonar a glória do passado e as
aparências, interessando-nos pela obra do Senhor, mesmo quando ela parece
simples. E, sobretudo, devemos viver em santidade, oferecendo ao Senhor o
melhor de nós.
Quando
isso acontecer, Deus fará abalar o céu, a terra e o mar, e a glória da segunda
casa será maior do que a da primeira (Ageu 2:9). O melhor de Deus não está no
que Ele nos dá, mas em quem Ele é.
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| Ricardo Castro Pastor, Escritor, Músico, Doutor em Teologia |



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