A HUMILDADE DO MAIOR HOMEM DA TERRA

 


A HUMILDADE DO MAIOR HOMEM DA TERRA

Marcos 1:6,7

 

As vestes de João eram feitas de pelos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.

 

Estamos vivendo num tempo em que as pessoas vivem em função de likes nas redes sociais. E para isso, elas ostentam riquezas falsas e felicidade inexistente. E assim, elas vivem vidas vazias e dominadas pelo consumismo. Mas, o cristianismo apregoa uma atitude diferente. A humildade é incentivada como um pilar para uma sociedade mais justa. E Jesus é o exemplo máximo de humildade, pois, sendo Deus, fez-se homem para pagar o preço pelos nossos pecados. Contudo, além do Mestre amado, temos outros exemplos de humildade. E um deles é João Batista, que o Senhor disse ser o maior homem que já existiu.   

Enquanto nossa geração perece em futilidades, João Batista surge como um bastião de humildade e compromisso com o Reino de Deus. Ele não buscava os aplausos dos homens, mas sim a glória de Deus. Ele não se preocupava com as aparências, mas sim, com a essência.  

Me proponho neste texto a explorar a personalidade e a humildade desse grande homem de Deus, que contrasta de forma gritante com a nossa sociedade moderna. E dessa pesquisa emergiremos de posse de conhecimentos valiosos que nos impulsionarão a viver de maneira mais simples e humilde, mas, sobretudo, com compromisso com o Reino de Deus.   

 

QUEM FOI JOÃO BATISTA? 

João Batista foi um dos maiores homens que já viveu neste planeta. Mas, mesmo assim, ele foi um dos mais humildes servos de Deus.  

O testemunho de Jesus a respeito dele é memorável: 

Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. (Mateus 7:11). 

Isso nos dá uma noção do caráter desse homem. Receber um elogio do próprio Deus é coisa para poucos.  

Porém, para podermos ter uma noção plena de quem ele era, é necessário nos inteirarmos dos pormenores de sua vida. 

Antes de tudo, João era fruto de um milagre. Sua mãe, Isabel, não podia ter filhos, mas o anjo Gabriel aparece a seu pai, o sacerdote Zacarias, e lhe faz a promessa de que seria pai. E em pouco tempo a profecia se cumpre. 

Segundo as palavras do próprio Senhor Jesus, João foi o último dos profetas do Velho Testamento, pois depois dele foi instaurada a dispensação da Graça (Lucas 16:16). 

Já que João era filho de um sacerdote, segundo a lei e a tradição, ele deveria ser sacerdote também. Além disso, seu ministério se assemelhava em muito ao ministério do grande profeta Elias (Lucas 1:17). E assim como Elias foi perseguido pela rainha Jezabel, João foi perseguido e morto por Herodias, a esposa ilegítima do rei Herodes. 

Além de tudo isso, João era o cumprimento de uma profecia, a de Isaías 40:1. Ele bem sabia disso, pois quando foi interpelado se era o Messias, disse que, ao contrário, era o percussor dele. (João 1.23). 

Por tudo isso, João poderia se sentir o mais afortunado entre os homens. Ele era fruto de um milagre, filho de um sacerdote, herdeiro de pompas e honrarias e, acima de tudo, era o cumprimento de uma profecia. Se estivéssemos no lugar dele, como nos portaríamos? Bom, conhecendo a natureza humana comum, certamente a maioria de nós agiríamos com toda a arrogância que os seres humanos podem ter. Mas não, João. Ele preferiu desprezar tudo isso e viver especificamente para a missão que recebeu de Deus. 

 

A HUMILDADE DE JOÃO BATISTA  

A despeito de tudo o que aguardava o futuro de João, de todas as benesses de ser um sacerdote e da fama de ser o cumprimento de uma profecia, João escolheu outro caminho. Ao invés de desfrutar da pompa e dos privilégios do templo, ele preferiu a rigidez do deserto. Existem alguns estudiosos que concluíram que, pelo fato dele morar no deserto, teria possivelmente sido membro de uma facção judaica chamada de essênios, que eram israelitas austeros, que optaram por viver em uma comunidade no deserto para não se envolver com as corrupções do clero e da vida cotidiana de Jerusalém. O nome dos essênios não aparece nas páginas do Novo Testamento, como os fariseus, herodianos e saduceus, mas, a descoberta de sua biblioteca nas cavernas de Quran em 1947, trouxe à tona a sua existência.  

As vestes de João eram feitas de pelos de camelo e sua alimentação era constituída principalmente de gafanhotos e mel silvestre.  

Ele escolheu não ser como seus pares. Os sacerdotes tinham roupas e paramentos luxuosos que os diferenciavam dos demais. E como João escolheu se vestir? Com roupas rudes, que só lhe traziam distinção pelo cheiro que exalava das peles de camelo e pela aparência austera.  

Os sacerdotes e líderes judeus comiam do melhor que a terra poderia lhes proporcionar, mas João preferiu anuir a hábitos alimentares que refletiam sua humildade diante de Deus. 

Ele não prezava o que os outros prezavam. Ele não buscava as pompas desse mundo, mas unicamente a glória de Deus. 

Foi por isso que ele foi escolhido para ser o cumprimento da profecia de Isaías 40. 

 

A CONFISSÃO DE JOÃO  

João tinha todos os motivos para se gloriar, mesmo assim, disse que não era digno nem de desamarrar as sandálias dos pés de Jesus, seu primo. 

Desamarrar as sandálias era o trabalho do mais paupérrimo dos servos de uma casa. E ao dizer que não era digno nem de tocar nas sandálias de Jesus, João estava se fazendo mais humilde do que os servos mais humildes.  Sua posição era de total submissão e humildade diante do Mestre. Ele conhecia a grandeza de Jesus e por isso se colocava em posição de total reverência. João entendia que estava diante de alguém muito maior do que ele.

 

O PARALELO COM NOSSAS VIDAS 

Assim como João Batista demonstrou humildade, também somos chamados a seguir seu exemplo. Em um mundo que muitas vezes valoriza a autoexaltação, Deus nos chama a ser humildes em nossas ações e palavras.

Vivemos num tempo em que as pessoas são medidas pela ostentação do que postam nas redes sociais, bem como pelo acúmulo de bens que, no fim, mostram-se inúteis e que se tornam obsoletos logo após serem lançados. E há uma corrida frenética em busca de reconhecimento por essas coisas. Na verdade, existem pessoas que estão enlouquecendo para poderem se enquadrar nos padrões consumistas de hoje. Outros estão dispondo de valores para obter objetos e serviços que lhes proporcionem o status de cool, em detrimento do suprimento de necessidades básicas de suas famílias. 

E é nesse contexto que somos chamados por Deus para agir como João Batista que, antes de tudo, tinha como prioridade a missão que lhe foi conferida por Deus. Essa consciência era tão forte em João que ele tinha, como de pouca monta, as coisas e conquistas desse mundo. Que grande exemplo temos neste homem de Deus! Infelizmente, as pessoas hoje se espelham naqueles que ostentam nas redes sociais e por isso vivem vidas frívolas e desfrutam de um vazio imenso, que acreditam poder suprir com mais aquisições e/ou com likes. 

João era primo de Jesus e, por causa disso, cresceram juntos. Eles se encontravam regularmente nas festas familiares e, quem sabe, tenham desfrutado de momentos de lazer em família. Mas, mesmo assim, ao saber sobrenaturalmente que Jesus era o Messias tão esperado, mesmo sendo seis meses mais velho e tendo um pai sacerdote, João o colocou no lugar certo de honra que ele merecia. “Não sou digno de desamarrar as correias das sandálias dele”. Que possamos ter esse nível de desprendimento. Que, mesmo tendo todas as prerrogativas para sermos orgulhosos, que sejamos humildes e tenhamos a missão que nos foi dada por Deus como a prioridade máxima de nossas vidas. Que o exemplo de João possa nos inspirar a ser humildes como ele. 

 

A HUMILDADE CRISTà

Em todas as eras passadas,  as sociedades espalhadas pelo planeta valorizavam as virtudes e desencorajavam os vícios. Entretanto, nos nossos dias, as coisas estão invertidas. E, por causa disso, o que é mau e bizarro é muito valorizado. Hoje em dia, o feio é bonito. E dessa forma, a humildade, ao invés de ser valorizada como uma virtude, é vista como fraqueza. Mas, pelo contrário, a humildade é um sinal de força. A humildade demonstra que a pessoa consegue reconhecer suas limitações, aprender com os erros e buscar sempre melhorar. A humildade é um sinal de força porque, por exemplo, é preciso coragem para admitir quando estamos errados. Além de ser um sinal de força, a humildade também é um sinal de grandeza de espírito e força interior. E a humildade é um dos valores cristãos mais pujantes para milhões de pessoas ao redor do mundo.  Ela reflete, antes de tudo, a dependência total de Deus e o reconhecimento de que toda glória pertence a Ele.  

Assim, tomando como exemplo João Batista, devemos nos humilhar diante do Senhor e reconhecer nossa necessidade constante d'Ele em nossas vidas. E só assim, a exemplo de João, receberemos do Senhor um louvor. 

 

CONCLUSÃO: 

A humildade de João Batista nos desafia a examinarmos nossos corações e ver se algum resquício de arrogância encontra lugar em nossas almas. Que, como João, busquemos a simplicidade, reconhecendo nossa dependência de Deus e exaltando o Senhor em todas as áreas de nossas vidas.  Que a humildade de João Batista nos inspire a viver de maneira que glorifique a Deus. Oremos para que o Espírito Santo nos capacite a manifestar essa humildade em nosso cotidiano.  


 Ricardo Castro

Pastor, escritor, músico e Doutor em Teologia

 

 

 

 


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