OLIMPÍADAS 2024: LIBERDADE OU DITADURA?
As olimpíadas sempre foram um marco na história mundial. Lembro-me de quando ainda era criança e ficava na expectativa diante da TV para assistir às aberturas, que eram espetáculos lindíssimos. E esses momentos fazem parte do meu baú de boas memórias da infância.
Mas, choquei-me recentemente com a abertura das olimpíadas de 2024, que foram sediadas em Paris. E acredito que não apenas eu, mas pessoas do mundo todo se sentiram aviltadas com o ataque aberto a algo tão sagrado quanto a última ceia do Senhor Jesus. Mas, o que mais me estranha é a proibição feita pela comissão organizadora quanto a manifestações religiosas, ao passo que permitem uma zombaria tão insultante aos símbolos cristãos. E não falo isso apenas da parte dos cristãos protestantes, até porque a imagem da Santa Ceia remete à igreja Católica apostólica romana. Mas o fato deles terem a coragem de fazer tal coisa abre um precedente tenebroso: se eles fizeram isso com os católicos, os quais são maioria, o que não farão com os protestantes? E o que farão com outras religiões?
O cristianismo ao longo dos séculos tem sido o pilar central na formação de civilizações e na orientação moral de milhões de pessoas ao redor do mundo. Sem falar que a maioria do mundo civilizado se identifica como cristão. Mas mesmo assim, essa nova ditadura que quer impor seu estilo de vida a todo custo, vê-se no direito de pisar nos valores observados por milhares de pessoas. Esses neoditadores usam a liberdade de expressão, a qual é uma conquista fundamental das sociedades modernas, como pretexto para atacar os símbolos sagrados das religiões. O interessante é que a balança da liberdade de expressão pende apenas para o lado dos neoditadores, pois se por um segundo sequer qualquer religião tivesse feito uma paródia com seus símbolos, seria sumariamente cancelada e certamente tornar-se-ia alvo até de ataques físicos.
Esse fato nos leva ao pensamento preocupante de onde isso pode parar. Ou seja, nós, cristãos e defensores da família e dos bons costumes, ficamos reféns de um patrulhamento constante, enquanto, aqueles que estão do outro lado do espectro dessa questão, tem toda a liberdade de fazer o que quiserem com nossos símbolos sagrados e se veem na liberdade de tecerem qualquer comentário esdrúxulo a respeito de nossa fé.
Entretanto, esse fato apenas reflete a preocupante mudança na percepção pública da religião, que, em vez de ser respeitada como um fator essencial da identidade de muitos, é alvo de zombaria e escárnio. Isso porque a geração atual, ávida por entretenimento, vazia de alma, entregue aos desejos hedonistas, não vê mais sentido na busca pelo transcendente.
Contudo, as linhas que escrevo não têm o único objetivo de defender a religião, mas sim de também refletir a respeito do limite da liberdade de expressão. E, se não há limites, que a balança seja justa e não penda apenas para um dos lados.
Mas, mesmo no lado afetado pelo escárnio parisiense, existe quem defenda que a paródia realizada na abertura dos jogos olímpicos foi apenas uma celebração da diversidade, tanto quanto da liberdade. Bem, sendo sincero como sempre sou, é repugnante ver como ainda existem pessoas que, mesmo vendo tudo o que está acontecendo, não conseguem perceber que a intenção clara é de encurralar os cristãos e calá-los. E da forma como vão às coisas hoje em dia, temo que chegará o tempo em que ser cristão e defender a família e os bons costumes se tornará algo marginal e punido com a morte.
É certo que cada cidadão pode e deve viver da forma que escolher. Mas impor seu estilo de vida e zombar das escolhas dos outros é pura ditadura e um absurdo para uma sociedade que se diz igualitária.
O cristianismo, como outras religiões, prega amor, paz e o respeito ao próximo – valores universais que transcendem fronteiras e crenças. E quando esses valores são vilipendiados mundialmente, como aconteceu na abertura das olimpíadas, a mensagem que se passa é que tais princípios podem ser tratados levianamente e que a degeneração e promiscuidade é que devem ser respeitados e valorizados.
Isso também mostra que a sociedade moderna perdeu a capacidade (e não quer recuperar) da abertura para o diálogo, e o que vale agora é a ordem de quem tem poder para manipular. Isso porque quem elevar a sua voz contra qualquer das práticas atuais sofrerá um ataque de proporções homéricas e correrá até perigo de vida. Até mesmo um simples artigo como esse sofrerá ataques e possíveis cancelamentos do seu autor. Mas isso é apenas prática corriqueira de uma ditadura. O irônico é que a sociedade atual alega defender a liberdade e a igualdade, mas isso apenas quando lhes convém.
A despeito do quadro atual, é tempo daqueles que têm sua fé atacada não ficarem calados. E os que estão enganados achando que o que aconteceu nas olimpíadas de Paris 2024 não passou de uma simples manifestação artística, devem abrir seus olhos e perceber que em breve as liberdades serão caçadas e valerá o que impor a turma da sigla que possui quase todas as letras do alfabeto. É essencial que líderes, formadores de opinião e a sociedade em geral se engajem na busca por um diálogo construtivo sobre a importância do respeito às diferenças e da preservação dos valores que fundamentam a consciência pacífica.
As olimpíadas, idealmente, deveriam ser um espaço de união e celebração das diversas culturas e crenças, e não um palco para a disseminação de divisões e intolerância. Diante do que aconteceu na abertura dos jogos, digo que as olimpíadas de 2024 se tornaram uma verdadeira “olimpiada”.
Ricardo Castro
Pastor, músico, escritor e Doutor em Teologia
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