O NATAL SEM JESUS - O QUE ACONTECE QUANDO ESQUECEMOS DO ANIVERSARIANTE?



Há muitos anos, quando ainda era adolescente, certa vez esqueceram da data do meu aniversário. Eu estava em grande expectativa, tinha até comprado um pequeno bolo para comemorar com as pessoas a quem amava. Naquela época, os jovens da igreja costumavam fazer visitas a outros jovens durante a semana. E, por coincidência, eles vieram à minha casa, mas não faziam ideia de que era o dia do meu aniversário. E, por pura vingança, eu também não disse isso a eles, para não comerem do meu bolo.

Depois, certo parente e sua esposa vieram à minha casa, e eles também não sabiam que aquele era o dia em que eu completava 18 anos. Mas, diferente dos meus amigos da igreja, decidi contar a eles. Para minha surpresa, eles me parabenizaram, mas sem a comemoração efusiva que eu esperava. Comeram parte do bolo e foram embora.

Entretanto, a minha mãe, eterna heroína, lembrou-se do meu aniversário. Mas não apenas isso, ela comemorou comigo. E foi ela quem financiou o bolo, que comemos com toda a alegria.

Fiz o relato acima para que, se ainda não tenha passado pela experiência de que se esqueçam do dia mais especial da sua vida, você sinta o quanto isso é dramático e doloroso. Esse relato também serve para fazermos um paralelo com o nascimento de Jesus, que todos os anos é esquecido, trocado por um velhinho vestido de vermelho ou comemorado inadequadamente.

Estamos no mês em que o famigerado e hipócrita “espírito natalino” possui as pessoas. Muitas delas estão eufóricas para participarem das confraternizações das empresas, das ceias abastadas na casa dos parentes ou de um feriado prolongado, regado a substâncias lícitas, mas que maculam a alma.

Outros amargam o sentimento de frustração por não terem condições de ter uma roupa nova, uma ceia abastada e nem condições de comprar presentes para os entes queridos.

Mas existem ainda aqueles que estão em pior estado, porque sabem que nesse período em que todos festejam, eles não terão um teto para se abrigar, comida para saciar a sua fome ou mesmo roupas para aplacar o frio.

Será que o Natal é mesmo a data do aniversário de Jesus? Se for, será que estamos comemorando da forma certa?

Bem, todos os anos, os membros de nossa igreja são bombardeados por assertivas efusivas proferidas por mim de que Jesus não nasceu em dezembro. E aqui, não investirei tempo provando biblicamente que estou certo, porque já o fiz em outros artigos que podem ser encontrados no meu blog. Mas, como sempre digo, já que ninguém sabe ao certo qual a data do nascimento de Jesus, por que não aproveitar o dia 25 de dezembro?

Resolvida esta questão, vou mais além. Já que nos propomos a celebrar o nascimento de Jesus, será que realmente estamos reverenciando o aniversariante?

Há muitos anos, as pessoas começaram a reverenciar um religioso católico conhecido por Santo Nicolau, que era um filantropo que presenteava as crianças de sua vila que se comportavam bem. Com o passar do tempo, sua lenda se popularizou, se tornando em o tão famoso Papai Noel, que toma o lugar de Cristo nas comemorações natalinas.

Há casas de cristãos onde a figura de Jesus é colocada em segundo plano em detrimento do “bom velhinho”. E muitas outras casas Jesus não é nem lembrado, mas a árvore de natal, onde o bom velhinho coloca seus presentes, não falta. Nessas casas vemos decorações repletas de referências ao papai Noel, mas quase nenhuma faz referência ao Deus Eterno, que se fez carne, nasceu, padeceu e morreu, não para presentear quem se comportou bem, mas para pagar o preço pelo pecado.

E eu me identifico totalmente com Jesus, quando ele é esquecido nesta data, já que também senti o quanto é amargo ser esquecidos pelas pessoas numa data tão especial.

Sei que você talvez esteja dizendo que estou sendo muito radical neste assunto. Mas, olhe ao seu redor e veja quanta reverência é dada a ao papai Noel que nada mais fez do que a sua obrigação como clérigo, de incentivar os bons costumes. Agora veja quantas pessoas realmente reverenciam verdadeiramente o aniversariante, Jesus. Sei que existem aqueles que montam um presépio e compram imagens do menino Jesus, acreditando que o estão reverenciando. Mas, uma vez que Ele se fez carne para resolver o problema do pecado dos homens, não seria mais lógico que, para o venerarmos neste dia, ao invés de comprar imagens representativas de um fato histórico, entregássemos a ele o que temos de mais precioso: a vida? Quantos realmente fazem isso?

A outra questão que aventei no começo desse artigo é se estamos comemorando esta data da maneira certa. A grande verdade é que o período natalino tornou-se também uma estratégia de comércio para se abocanhar uma grande quantidade de dinheiro e, ao mesmo tempo, livrar-se dos produtos que ficaram encalhados no estoque durante o ano todo. É o período em que o vírus do consumismo está à solta, e até o governo o incentiva, liberando o 13º salário para ser gasto com coisas que não subsistirão até o início de janeiro.

Contudo, ao passo que muitos estarão dando-se ao consumismo com toda a força, muitos estarão clamando a Deus que a fome de sua família seja ao menos aplacada neste período.

Será que realmente Jesus está satisfeito com esse quadro? Será que Ele está satisfeito com as mesas fartas de alguns, enquanto muitos outros comem migalhas?

Amado leitor, o verdadeiro Natal, deve ser celebrado, antes de tudo, com o fato de entregarmos nossas vidas a Jesus, deixando de lado o pecado e o mundo, fazendo d’Ele a nossa vida. E, também, o verdadeiro Natal deve ser celebrado, sobretudo, matando a fome dos desfavorecidos.

Com toda certeza, Jesus ficará mais feliz em que agasalhemos um morador de rua do que desfilemos por aí com uma roupa de marca.

Por fim, o verdadeiro Natal é um convite para que Jesus nasça em nossos corações e que nos faça olhar além das aparências, das festas opulentas, das roupas de marca e das ceias abastadas. É um convite para sermos verdadeiramente seguidores de Cristo, que mesmo sendo Deus, não se apegou a este fato, mas deixou a Sua glória para vir à terra para nos salvar (Filipenses 2:5-7).

Que este Natal seja diferente. Que demos o significado real a esta festa, priorizando o amor, a compaixão e, sobretudo, a comunhão com o Deus que se fez carne. Que esta seja realmente uma noite de paz para os abastados, mas também para os desvalidos.

Pastor Ricardo Castro T.h.D.

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