A LEI DO INVESTIMENTO
Às vezes, fico pasmo com a diversidade da criação de Deus. De como Ele é tão criativo e como Ele é tão sábio.
Uma das coisas mais impactantes da minha vida foi quando, no fim da infância, descobri que Deus não se repetiu quando criou os seres humanos. Quando descobri que cada pessoa é um ser único e singular, com suas idiossincrasias e particularidades, fiquei de cara, como dizem os jovens.
E o mais interessante é que não existem pessoas totalmente inúteis, no sentido mais estrito dessa palavra. Isso porque a cada um de nós Deus deu dons, talentos e capacidades. Não existe um ser humano que não tenha sequer um dom. Existem até aqueles que já nasceram com dons, os quais são chamados dons naturais. Mas existem outros tipos de dons, como, por exemplo, os dons ministeriais (os ofícios eclesiásticos, como diáconos, presbíteros e pastores) e os dons espirituais (os quais são em número de nove, concedidos pelo Espírito Santo).
Diante disso, vemos claramente que cada um de nós recebe dons de Deus. E isso nos torna apenas seus administradores e não seus donos.
Sei que isso pode parecer um tanto estranho para muitas pessoas de hoje, que acham que, se já nasceram com talentos naturais, eles lhe pertencem. Outros acreditam que galgaram os degraus ministeriais ou receberam dons espirituais por meio de seus esforços. Contudo, a Bíblia nos revela que o homem não tem nada que Deus não tenha lhe dado. Observe o texto abaixo:
O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. (João
3.27)
Além disso, a Bíblia ainda nos revela que todo dom perfeito vem de Deus:
Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das
luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. (Tiago 1.17).
Assim, a grande verdade é que todos os dons e talentos que temos são, em última instância, de Deus. E Ele graciosamente os concedeu para que os administremos com zelo e empenho.
E qual o objetivo de Deus nos dar dons e talentos? Ora, é certo que Ele nos outorgou esses dons para que os façamos frutificar, para multiplicá-los. Isso fica bem claro na parábola dos talentos registrada no Evangelho de Mateus 25.14-30.
Nesta parábola, encontramos três homens que recebem talentos de seu senhor. Esses talentos eram moedas que compunham o sistema financeiro dos dias de Jesus. Elas tinham um valor considerável e podiam comprar grandes coisas.
Mas, deve-se notar que o senhor não entregou a mesma quantidade de moedas para eles. A um ele deu cinco, a outro deu três e ao último deu somente um talento. Ele fez isso porque sabia qual era a capacidade de cada um, porque um bom patrão conhece a aptidão dos que lhe servem. O nosso Deus também conhece a nossa capacidade e, por isso, nunca nos dará algo que não possamos manusear e que vá além da nossa competência. Assim, se você acha que tem encargos demais, louve a Deus, pois Ele te considerou capaz para receber tanto.
Então, o que recebeu cinco moedas, trabalhou, investiu e conseguiu dobrar os talentos que seu patrão lhe confiou. O que recebeu três moedas fez o mesmo. Mas, o que recebeu somente uma moeda, a escondeu e, por isso, não teve lucro algum, ainda que tenha mantido aquilo que seu patrão lhe deu.
E aqui encontra-se o âmago deste texto. O que temos feito com o que Deus nos entregou? O que temos feito com os nossos dons e talentos? Com as oportunidades? Com os bens que Ele nos concedeu?
Esta parábola fala da lei do investimento, que é bem simples de entender: se você investir, terá recompensa, terá lucro. Mas o contrário também é verdadeiro. Sem investimento, não há recompensa.
Essa é uma lei universal e se aplica às mais diversas áreas de nossa vida. Todo bom administrador sai da zona de conforto, usa sua esperteza, dispõe de valores, dispõe de tempo e então investe. O segredo de multiplicar é investir.
Mas, e quanto aqueles que não investem? Bom, Jesus chamou o homem que não investiu de “mal servo” e “servo negligente”, e muitos teólogos o chamam de “administrador infiel”. E o que ele fez para receber tantos adjetivos negativos? Mateus 25.18 diz que ele enterrou o seu talento, mesmo tendo recebido somente uma moeda, porque essa era a sua capacidade.
Mas, por que aquele servo não investiu seu talento? Ele era um homem mal? Não. Temos que reconhecer que ele não era corrupto, um malfeitor ou um bandido. Não, ele era uma pessoa de bem, um trabalhador. Porém, ele cometeu o pior erro de sua vida. E seu erro não foi o que ele fez, mas o que deixou de fazer. Ele deveria ter investido e não o fez. Jesus nos revela que ele escondeu a moeda por temer o seu senhor. Por isso, apesar de vermos que ele não era um malfeitor, fica claro que ele era uma pessoa negligente. Ora, o negligente é aquele que não faz o que lhe é pedido. Podemos dizer também que negligente é aquela pessoa imprudente, que não tem o cuidado com o que lhe é confiado.
Mas, sobretudo, aquele servo também era um indolente. Os indolentes são aqueles que acham que resolvem qualquer situação não tomando uma atitude.
Porém, ainda havia outra característica ainda pior naquele servo: ele era insolente. E que parte ele foi insolente? Quando o seu senhor veio lhe pedir contas, ele insultou seu patrão e ainda jogou a culpa nas suas costas.
Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo
que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. (Mateus
25:24,25)
Essas podem parecer palavras de alguém subserviente e educado, mas percebo uma grande insolência, quando chamou seu patrão de “severo”. Com isso, ele estava dizendo que seu patrão era bruto, carrasco, insensível. Bom, se ele tinha a esperança de conseguir o perdão para sua negligência, essa insolência eliminou qualquer possibilidade. Ele também culpou seu senhor de enriquecimento ilícito quando disse “ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste”.
Além disso, essas palavras revelam que ele culpava seu senhor por sua negligência porque, supostamente, teria sido pela severidade dele que o servo enterrou o talento. E assim, em última instância, ele estava se eximindo de culpa e a atribuindo ao seu patrão. Você pode acreditar numa coisa dessas? Mesmo estando todo errado, o camarada encontra um jeito de transferir a sua culpa para outro. Mas isso é um sintoma de quem é indolente e negligente. Todos são culpados por sua falta de ação e por seus erros, mas ele mesmo não os reconhece. Ele se acha uma vítima.
Talvez a esta altura você esteja com raiva do servo infiel por causa disso tudo. Mas, vá com calma, porque muitas vezes somos como ele. Enterramos nossos dons, deixamos de investir e ainda culpamos o Senhor. E isso acontece desde os tempos do jardim do Éden, pois Adão culpou Eva, que culpou a serpente. E Adão ainda culpou Deus, quando disse “foi a mulher que tu me deste”.
Mas a culpa pelos nossos fracassos e negligências não é do Senhor ou de qualquer outra pessoa, além de nós mesmos. Nós é que somos indolentes, negligentes e insolentes. Somos nós que enterramos os talentos que Deus nos deu. E pior: ainda queremos ser recompensados ou, pelo menos, desculpados.
Entretanto, aquele senhor mostrou-se justo. Mateus 25.26-28, diz que ele considerou o homem um “mau servo”. E quando alguém pode ser considerado mau servo? Quando é desobediente.
Hoje, muita gente quer ser chamada de “servo de Deus”, mas a grande maioria é desobediente porque prefere obedecer à sua vontade do que à vontade de Deus. Esses estão enquadrados nas palavras de Jesus que seguem abaixo:
Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? (Lucas 6.46).
De que adianta sermos chamados servos de Deus e termos o nome de Jesus nos lábios, mas sermos considerados por Ele como “servo mal”?
E, apesar de ter insultado o seu senhor, o servo não foi penalizado por causa disso, mas devido ao que ele deixou de fazer, da sua negligência com o talento que recebeu, da sua falta de investimento.
E você, o que tem feito com os talentos que Deus te deu? Será que, por negligência, você escondeu os talentos? Será que, para tirar a responsabilidade de seus ombros, você tem culpado a todos, inclusive ao Senhor? E se o dia da prestação de contas fosse hoje, o que você ouviria de Deus?
Não foi à toa que esse texto chegou até você. Deus orquestrou soberanamente para você ler as linhas acima e refletir no que tem feito e no quanto tem perdido, por ter receio daquele que te ama.
É tempo de rever seus conceitos e atitudes. É tempo de sair da zona de conforto e começar a investir os talentos que Deus te deu para que os possa multiplicar e, no dia da prestação de contas, ouvir:
Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te
colocarei; entra no gozo do teu senhor. (Mateus 25.21).
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